Mostrar código-fonte de Império Aquemênida

{{Mais notas|Este artigo|hist-mo|data=fevereiro de 2016}}
{{Info/Estado extinto2
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|nome            =Império Aquemênida
|p1              =Império Medo
|bandeira_p1     =Parthia 001ad-pt.svg
|p2              =Império Neobabilônico
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|p3              =Reino da Lídia
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|mapa_legenda    =Império Aquemênida em seu zênite
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|região1         =[[Pérsia]], [[Oriente Médio]], [[Ásia Central]], [[Bálcãs]], [[Norte da África]]
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|capitais     =[[Babilônia]], [[Ecbátana]], [[Pasárgada]], [[Persépolis]], [[Susã]]
|idioma_rótulo  =Língua oficial e [[língua franca|franca]]<ref name=wie/>
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|idioma2        =[[Língua persa antiga|persa]]&nbsp;(nativo), [[Língua acádia|acádio]],{{harvy|kit|Kittel et al.|2007|pp=1194–5}} [[Língua elamita|elamita]], [[Língua egípcia antiga|egípcio]], [[Língua grega antiga|grego]], [[língua hebraica|hebraico]]
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|religiões     =[[zoroastrismo]], [[Religião no Antigo Egito|Politeísmo&nbsp;egípcio]], [[judaísmo]]
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|países          =[[Afeganistão]], [[Arménia|Armênia]], [[Azerbaijão]], [[Bulgária]], [[Cazaquistão]], [[Egito]], [[Emirados Árabes Unidos]], [[Geórgia]], [[Índia]], [[Irã]], [[Israel]], [[Jordânia]], [[Kuwait]], [[Líbano]], [[Omã]], [[Estado da Palestina|Palestina]], [[Paquistão]], [[Romênia]], [[Síria]], [[Turquia]], [[Turquemenistão]], [[Uzbequistão]]
|forma_de_governo=[[Monarquia absoluta]]
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|líder1        ={{lknb|Ciro|II}}
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|evento_fim    =Conquista por [[Alexandre, o Grande]]
|evento1       =Construção de [[Persépolis]]
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|evento4       =Reconquista do Egito por {{lknb|Artaxerxes|III}}
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|nome_oficial=𐎧𐏁𐏂<br>Xšāça}}
O {{PBPE|Império Aquemênida|Aqueménida}} ({{langx|peo|''Parsā''}}; {{langx|fa|هخامنشیان||''Hakhāmanishiya''}} ou {{lang|fa|دودمان هخامنشي}}, {{lang|fa-Latn|''Dudmān Hakhâmaneshi''}}; {{AC|c=c|550–330}}), por vezes referido como '''Primeiro Império Persa''', foi um império iraniano situado no [[sudoeste da Ásia]] e [[Ásia Central]], e fundado no {{-séc|VI}} por [[Ciro II|Ciro, o Grande]], que derrubou a [[Medos|Confederação Meda]]. Expandiu-se a ponto de chegar a dominar partes importantes do mundo antigo; por volta do ano {{AC|500|x}} estendia-se do [[Rio Indo|vale do Indo]], no leste, à [[Trácia]] e [[Macedônia (região)|Macedônia]], na fronteira nordeste da [[Grécia]] — o que fazia dele o maior império a ter existido até então. O Império Aquemênida posteriormente também controlaria o [[Antigo Egito|Egito]]. Era governado através de uma série de monarcas, que unificaram suas diferentes tribos e nacionalidades construindo um complexo sistema de estradas. Denominando-se ''Parsa'', do nome tribal [[arianos|ariano]] ''Parsua'', os [[persas]] fixaram-se numa terra que também denominaram ''Parsua'', que fazia fronteira a leste com o [[rio Tigre]], e, ao sul, com o [[golfo Pérsico]]. Este tornou-se o centro nevrálgico do império durante toda a sua duração.<ref name=agr/> Foi a partir desta região que Ciro, o Grande partiu para derrotar os impérios [[Império Medo|Medo]], [[Império Lídio|Lídio]] e [[Império Neobabilônico|Babilônico]], abrindo o caminho para as conquistas posteriores do Egito e [[Ásia Menor]].

No ápice de seu poder, após a conquista do Egito, o império abrangia aproximadamente oito milhões de quilômetros quadrados{{sfn|Cremin|2007}} situados em três continentes: [[Ásia]], [[África]] e [[Europa]]. Em sua maior extensão, fizeram parte do império os territórios atuais do [[Irã]], [[Turquia]], parte da [[Ásia Central]], [[Paquistão]], [[Trácia]] e [[Macedônia (reino antigo)|Macedônia]], boa parte dos territórios litorâneos do [[Mar Negro]], [[Afeganistão]], [[Iraque]], o norte da [[Arábia Saudita]], [[Jordânia]], [[Israel]], [[Líbano]], [[Síria]], bem como todos os centros populacionais importantes do [[Antigo Egito]] até às fronteiras da [[Líbia]]. É célebre na história ocidental como o tradicional inimigo das [[Pólis|cidades-estado gregas]]<ref name=agr/> durante as [[Guerras Greco-Persas]], pela emancipação dos escravos, incluindo o [[povo judeu]], de seu [[cativeiro na Babilônia]], e pela instituição de infra-estruturas como um [[Chapar Khaneh|sistema postal]], [[estrada real|viário]], e pela utilização de um [[idioma oficial]] por todos os seus territórios. O império tinha uma administração centralizada e burocrática, sob o comando de um imperador e um enorme número de soldados profissionais e funcionários públicos, o que inspirou desenvolvimentos semelhantes em impérios posteriores.{{sfn|name=sch1|Schmitt|1983|loc=i. The Clan and Dynasty}}

O ponto de vista tradicional é de que as vastas extensões e extraordinária diversidade etnocultural do Império Persa{{sfn|Briant|2006|pp=1–3}} acabaria por provocar a sua derrocada, à medida que a delegação de poder aos governos locais acabaria por enfraquecer a autoridade central do rei, fazendo com que muita energia e recursos tivesse de ser gastas nas tentativas de subjugar rebeliões locais.<ref name=agr/> Tal fato tem servido historicamente para explicar o porquê de [[Alexandre, o Grande]] (Alexandre III da Macedônia), ao [[Alexandre, o Grande#Conquista do Império Persa|invadir a Pérsia]] em {{AC|334|x}}, ter se deparado com um reino pouco unido, comandado por um monarca enfraquecido, facilmente destruído. Este ponto de vista, no entanto, vem sendo questionado por alguns estudiosos modernos, que argumentam que o Império Aquemênida não se encontrava em crise no período de Alexandre, e que apenas as disputas internas pela sucessão monárquica dentro da própria família aquemênida é que causavam algum enfraquecimento no império.<ref name=agr/> Alexandre, grande admirador de Ciro, o Grande,{{sfn|Wilcken|1967|p=146}} acabaria por provocar o colapso do império e sua subsequente fragmentação, por volta de {{AC|330|x}}, gerando o [[Reino Ptolemaico]], o [[Império Selêucida]] e diversos outros territórios de menor extensão, que à época também conquistaram sua independência. A cultura iraniana do planalto central, no entanto, continuou a florescer e voltou a conquistar o poder na região no {{-séc|II}}<ref name=agr/>

O legado histórico do Império Aquemênida, no entanto, foi muito além de suas influências territoriais e militares, e deixou marcas importantes no cenário cultural, social, tecnológico e religioso da época. Diversos [[Atenas Antiga|atenienses]] adotaram costumes aquemênidas em suas vidas diárias, numa troca cultural recíproca,{{sfn|Miller|2004|p=243}} e muitos foram empregados ou aliados dos reis persas. O impacto do chamado [[Édito de Ciro|Édito de Ciro, o Grande]], foi mencionado nos textos [[Judaísmo|judaico]]-[[Cristianismo|cristãos]], e o império foi fundamental na difusão do [[zoroastrianismo]] por grande parte da Ásia, até à [[China]]. Mesmo Alexandre, o Grande, o homem que acabaria por conquistar este vasto império, respeitou seus costumes e impôs o respeito aos reis persas (incluindo Ciro), e até mesmo adotou o costume real persa da [[prosquínese]], apesar da forte desaprovação de seus compatriotas macedônios.<ref>[[Arriano]], [http://websfor.org/alexander/arrian/book7a.asp ''Anabasis Alexandri'' VII, 11] {{en}}</ref><ref>[[Plutarco]], [http://www.perseus.tufts.edu/cgi-bin/ptext?lookup=Plut.+Caes.+45.1 ''Alexandre,'' 45] {{en}}</ref> O Império Persa também daria a tônica da política, herança e história da [[Pérsia]] moderna (atual [[Irã]]).{{sfn|Curtis|Stewart|2005|p=7}} A influência também se estendeu sobre antigos territórios da Pérsia que se tornaram conhecidos posteriormente como [[Grande Pérsia]]. Um dos feitos notáveis de [[engenharia]] do império é o sistema de [[gestão de água]] conhecido como [[Qanat]], cuja seção mais antiga tem mais de {{formatnum:3000}} anos e 71 [[quilômetro]]s.{{sfn|Mays|2010|p=4}} Estima-se que em {{AC|480|x}} vivessem 50 milhões de pessoas{{sfn|Yarshater|1996|p=47}} no Império Aquemênida,{{
nre|1=As estimativas variam de 10 a 80 milhões, mas a maior parte dos acadêmicos prefere a cifra de 50 milhões. John Prevas estima 10 milhões,{{sfn|Forbes|Prevas|2011|p=14}}, Barry Strauss estima cerca de 20 milhões,{{sfn|Strauss|2005|p=37}} Steven R. Ward estima 20 milhões,{{sfn|Ward|2009|p=16}} Walter Scheidel estima 35 milhões, {{sfn|Morris|Scheidel|2009|p=99}} Elton L. Daniel estima 50 milhões{{sfn|Daniel|2001|p=41}} Meyer e Andreades ([http://books.google.com/books?id=Uwn9d01zMvAC&pg=PA58 2004, p. 58]){{Ligação inativa|data=2022}} estimam 50 milhões, Jones ([http://books.google.com/books?id=75ueY2rqTYMC&pg=PA8 2004, p. 8]) estima mais de 50 milhões, Richard ([http://books.google.com/books?id=toJI-Z_WAC0C&pg=PA34 2008, p. 34]) estima aproximadamente 70 milhões, Hanson ([http://books.google.com/books?id=6p5mAAAAMAAJ 2001, p. 32]) estima quase 75 milhões e Cowley ([http://books.google.com/books?id=l6JmAAAAMAAJ 1999 e 2001, p. 17]) estima possivelmente 80 milhões.
}} cerca de 44% da população mundial da época, fazendo dele o maior império de todos os tempos em termos de porcentagem populacional.{{
nre|1=Ver ''«Historical Estimates of World Population»'' no website do [[Departamento do Censo dos Estados Unidos]].<ref name=cens/>}}

== História ==
=== Origem ===
{{Artigo principal|Aquêmenes|Teispidas}}

{{Citação2|cinzabq=s|1=''"A nação persa contém diversas tribos, como listado aqui. […]: os pasárgadas, maráfios, e máspios, de qual dependem todas as outras tribos. Destes, os mais importantes são os pasárgadas; eles contêm o clã dos aquemênidas, do qual vieram todos os reis pérseos. Outras tribos são os pantialeus, derúsios, germânios, todos estes fixos à terra, e o restante — os daios, mardos, drópicos, sagárcios, são nômades."''|
2= ''[[Heródoto]], ''[[Histórias (Heródoto)|Histórias]]'', 1.101, 125}}

[[Imagem:Olympic Park Cyrus-2.png|thumb|upright|left|Representação de {{lknb|Ciro|II}}]]

O Império Persa recebeu seu nome da tribo [[Povos indo-europeus|indo-europeia]] chamada ''Parsua''. O nome 'Pérsia' é uma [[latim|latinização]] do nome deste povo, que dava o nome de [[Pérsis]] à região encerrada em suas fronteiras territoriais, uma área localizada a norte do [[Golfo Pérsico]] e a leste do [[rio Tigre]], conhecida atualmente como a [[Províncias do Irã|província iraniana]] de [[Fars (província)|Fars]].<ref name=enc>{{Citation|título=Encyclopedia of the Peoples of Africa and the Middle East, Volume 1|autor=Jamie Stokes|editora=Infobase Publishing|ano=2009|páginas=2–3|isbn=978-0-8160-7158-6}}</ref>

Apesar de seu rápido sucesso e expansão, o Império Aquemênida não foi o primeiro império iraniano, já que no {{-séc|VI}} outro grupo de [[povos iranianos]] antigos já haviam fundado o [[Império Medo]].<ref name=enc/> Os [[medos]] haviam sido originalmente o grupo iraniano dominante na região, conquistando o poder no início do {{-séc|VII}} e incorporando os [[persas]] em seu império. Os povos iranianos chegaram na região por volta do ano {{AC|1000|x}},<ref>Mallory, J.P. (1989), ''In Search of the Indo-Europeans: Language, Archaeology, and Myth'', Londres: Thames & Hudson.</ref> e haviam sido dominados inicialmente pelo [[Império Assírio]] (911-{{AC|609|x}}). Os medos e os persas, no entanto, juntamente com os [[citas]] e [[babilônios]], tiveram um papel crucial na destruição da [[Assíria]] depois de uma sucessão de revoltas internas.

O termo aquemênida é na realidade uma versão latinizada do antigo nome persa ''Haxāmaniš'' (um composto ''[[bahuvrihi]]'' que pode ser traduzido como "que tem uma mente de amigo"{{sfn|Schlerath|1973|p=36|loc=n.º&nbsp;9}}{{sfn|Tavernier|2007|p=17}} ou "caracterizado pelo espírito de seguidor"), por intermédio do [[Língua grega|grego]] Ἀχαιμενίδαι, ''Akhaimenídai'', "da família de Aquêmenes". Apesar da derivação do nome no grego, [[Aquêmenes]] em si foi um monarca menor do {{séc|VII}}, governante de [[Ansã (Pérsia)|Ansã]], no sudoeste do atual Irã.<ref name=enc/> Apenas na época de [[Ciro, o Grande]], um descendente de Aquêmenes, é que o Império Aquemênida desenvolveu seu prestígio imperial, e passou a incorporar os impérios já existentes no Oriente Médio, tornando-se a potência mencionada pelos textos antigos.

Em algum ponto em {{AC|550|x}}, Ciro, o Grande liderou uma rebelião contra o Império Medo, provavelmente devido à má administração feita pelos medos na ''Persis'', derrotando-os e conquistando-os na sequência e criando o primeiro império persa. Ciro utilizou sua engenhosidade tática,<ref>{{Citation|título=Fighting techniques of the ancient world 3,000 BC – 500 AD: equipment, combat skills, and tactics|autor=Simon Anglim|editora=Macmillan|ano=2002|página=145|isbn=978-0-312-30932-9}}</ref> bem como sua compreensão das equações sociopolíticas que governavam seus territórios, para incorporar ao seu império os territórios vizinhos dos impérios [[Reino da Lídia|lídio]] e [[Império Neobabilônico|neobabilônio]], abrindo caminho para que seu sucessor, {{lknb|Cambises|II}}, se aventurasse no [[Antigo Egito|Egito]] e derrotasse o [[26ª Dinastia do Egito|Reino do Egito]].

Ciro, o Grande daria amostras de sua perspicácia política na administração de seu império recém-formado, já que o Império Persa se tornou o primeiro a tentar governar diferentes grupos étnicos sob o princípio de responsabilidades iguais e direitos para todos os povos, contanto que os súditos pagassem seus impostos e mantivessem a paz.<ref name=cyv>{{Citation|título=Civilization past & present, Volume 1|autor=Palmira Johnson Brummett, Robert R. Edgar, Neil J. Hackett|editora=Longman|ano=2003|página=38|isbn=978-0-321-09097-3}}</ref> Além disso, o monarca acabaria por concordar em não interferir com os costumes, religiões e intercâmbios comerciais locais dos estados que dominava,<ref name=cyv/> uma qualidade única que acabaria por conquistar para Ciro o apoio dos babilônios. Este sistema de administração acabaria por se tornar um problema para os persas, uma vez que com um império maior também veio uma necessidade maior de ordem e controle, o que levou ao gasto de recursos e à mobilização permanente de tropas para lidar com rebeliões locais, enfraquecendo o poder central do monarca. Na época de {{lknb|Dario|III}}, esta desorganização quase levou à fragmentação do reino.<ref name=agr/>

[[Imagem:Achaemenid Empire.gif|miniaturadaimagem|upright=1.5|Expansão do império persa entre {{AC|550–323|n}}]]

Os persas de quem Ciro descendia eram originalmente um povo de [[Nomadismo|pastores nômades]] que habitavam o planalto iraniano ocidental, e que por volta de {{AC|850|x}} chamavam-se a si mesmo de ''Parsa'' e seu território constantemente em alteração de ''Parsua'', localizado aproximadamente ao redor da atual província de Pars.<ref name=agr/> À medida que os persas conquistaram poder, desenvolveram a infraestrutura local para dar base à sua crescente influência, incluindo a criação de uma capital chamada [[Pasárgada]] e, posteriormente, uma cidade opulenta, chamada [[Persépolis]].

Construída inicialmente durante o reinado de [[Dario, o Grande]] (Dario&nbsp;I), e terminada cerca de 100 anos mais tarde,<ref name=gov>{{Citation|título=Ancient cities: the archaeology of urban life in the Ancient Near East and Egypt, Greece and Rome|autor=Charles Gates|editora=Psychology Press|ano=2003|página=186|isbn=978-0-415-12182-8}}</ref> Persépolis foi um símbolo do império, servindo tanto como centro cerimonial quanto administrativo.<ref name=gov/> Tinha um conjunto especial de escadarias, chamado de "Todos os Países",<ref name=gov/> ao redor do qual estava uma decoração em [[Relevo (arte)|relevos]] esculpidos que mostravam cenas de heroísmo, caça, temas naturais e a entrega de presentes aos reis aquemênidas por seus súditos durante o festival da primavera, [[Nowruz]]. Sua estrutura central era formada por uma infinidade de salas ou salões quadrangulares, dos quais o maior era conhecido como ''[[Apadana]]''.<ref name=gov/> Colunas altas e decoradas davam as boas-vindas aos visitantes, impressionando-os com o tamanho da estrutura. Futuramente, Dario também utilizaria as cidades de [[Susã]] e [[Ecbátana]] como centros governamentais, permitindo que fossem desenvolvidas até atingir um status semelhante.

Relatos sobre a ''linhagem ancestral'' dos reis persas da dinastia aquemênida podem ser extraídos tanto dos documentos [[Grécia Antiga|gregos]] e [[Roma Antiga|romanos]] ou dos documentos persas existentes, como aqueles que foram encontrados na [[Inscrição de Beistum]]. No entanto, a maior parte dos relatos sobre este vasto império se encontra na obra de historiadores e filósofos gregos, e como a maior parte dos documentos originais persas se perderam — e os pontos de vista acadêmicos sobre a origem e as possíveis motivações por trás destes textos gregos são muito variados — é difícil criar uma lista definitiva e completamente objetiva. Ainda assim, parece claro que Ciro, o Grande e Dario, o Grande, foram cruciais para a expansão do império. Acredita-se que Ciro tenha sido filho de {{lknb|Cambises|I}}, neto de {{lknb|Ciro|I}}, pai de {{lknb|Cambises|II}} e parente de Dario por um ancestral em comum, [[Teispes]]. Ciro também teria sido parente (possivelmente neto) do rei medo [[Astíages]], através de sua mãe, [[Mandane|Mandane da Média]]. Uma minoria de estudiosos argumenta que Aquêmenes pode ter sido uma criação posterior de Dario, o Grande, para fortalecer uma associação sua a Ciro, o Grande, após conquistar o poder.<ref name=enc/>

Os autores gregos fornecem algumas informações lendárias sobre Aquêmenes, chamando sua tribo de 'pasárgadas' (''Pasargadae''), e afirmando que ele teria sido "criado por uma [[águia]]". [[Platão]], ao escrever sobre os persas, identificou Aquêmenes com [[Perses (filho de Andrômeda e Perseu)|Perses]], ancestral dos persas na [[mitologia grega]].<ref>{{Citation|título=Encyclopedia of the ancient Greek world|autor=David Sacks, Oswyn Murray, Lisa R. Brody|ano=2005|editora=Infobase Publishing|página=256|isbn=978-0-8160-5722-1}}</ref> De acordo com Platão, Aquêmenes seria a mesma pessoa que Perses, filho da rainha [[Etiópia (mitologia grega)|etíope]] [[Andrômeda (mitologia)|Andrômeda]] e do herói grego [[Perseu]], e neto de [[Zeus]]. Autores posteriores, no entanto, acreditavam que Aquêmenes e Perses eram pessoas diferentes, e que Perses seria ancestral do rei.<ref name=dandamayev>[[#refachaemenes-EI|Dandamayev]]</ref> Esta versão parece confirmar que Aquêmenes poderia mesmo ter sido um líder importante de Ansã, ancestral de Ciro. A despeito da veracidade da lenda, tanto Ciro quanto Dario, o Grande foram reis importantes do Império Persa, e durante seus reinados o império se expandiu a ponto de englobar boa parte do mundo antigo.

=== Formação e expansão ===
[[Imagem:Cyrus tomb.jpg|thumb|Sepultura de [[Ciro, o Grande]], fundador do Império Aquemênida, no atual [[Irã]]]]
[[Imagem:Cyrus II le Grand et les Hébreux.jpg|thumb|Ciro, o Grande libertou os [[hebreus]] [[Cativeiro na Babilônia|exilados]] na [[Babilônia]] para que repovoassem e reconstruíssem [[Jerusalém]], o que lhe garantiu um lugar de honra no [[judaísmo]]]]
{{vertambém|Batalha da Fronteira Persa|Revolta Persa|Batalha de Ptéria|Batalha de Pelúsio ({{AC|525|n}})}}

O império assumiu sua forma unificada com uma administração centrada em torno de [[Pasárgada]], cidade construída por [[Ciro, o Grande]]. Posteriormente, conquistou o [[Império Medo]] e ampliou ainda mais seu território, adicionando às suas fronteiras o [[Antigo Egito|Egito]] e a [[Ásia Menor]]. Durante o reinado de {{lknb|Dario|I}} e seu filho, {{lknb|Xerxes|I}}, envolveu-se em conflitos militares com algumas das principais cidades-estado da [[Grécia Antiga]], e embora tenha chegado muito perto de derrotar o exército grego, esta guerra acabou por levar o império à sua derrocada.<ref>{{Citation|título=Ancient Greek War and Weapons|autor=Haydn Middleton|editora=Haydn Middleton|páginas=12–3|isbn=978-1-4034-0134-2|data=2 de outubro de 2002}}</ref>

A história do chamado Império Aquemênida remonta a pelo menos {{AC|559|x}}, ano em que {{lknb|Cambises|I}}, rei de Ansã, morreu e foi sucedido por seu filho, {{lknb|Ciro|II}}. Ciro II sucedeu também [[Arsames]] — que ainda estava vivo — como rei ([[Xá]]) da Pérsia, unindo assim os dois reinos. Ciro é considerado o primeiro monarca legítimo do Império Persa, já que seus antecessores eram vassalos dos [[medos]]. Ciro conquistou a [[Império Medo|Média]], [[Reino da Lídia|Lídia]] e a [[Império Neobabilônico|Babilônia]]. Politicamente astuto, Ciro modelou sua imagem para se tornar um "salvador" das nações que conquistou, frequentemente permitindo o retorno às suas terras de povos que haviam sido deportados, e dando a seus súditos a liberdade de praticar os costumes locais. Para reforçar essa imagem, instituiu políticas de liberdade religiosa, reconstruindo templos e a infraestrutura local nas cidades recém-conquistadas (principalmente entre os habitantes [[Judaísmo|judeus]] da Babilônia, como foi registrado no [[Cilindro de Ciro]] e no [[Tanakh]]). Como resultado de suas políticas de tolerância, passou a ser conhecido entre os judeus como "ungido do Senhor".<ref>[[Livro de Isaías]], 45:1</ref><ref>{{Citation|título=Zarathustra, Philo, the Achaemenids and Israel|autor=Lawrence Heyworth Mills|editora=Open Court|ano=1906|página=467}}</ref>

Seus sucessores imediatos foram menos bem-sucedidos. O filho de Ciro, {{lknb|Cambises|II}}, conquistou o Egito em {{AC|525|x}}, porém morreu em julho de {{AC|522|x}}, como resultado de um ferimento causado acidentalmente em si mesmo,<ref name=camb>{{Citation|título=The Persians: an introduction|autor=[[Maria Brosius]]|editora=Taylor & Francis|ano=2006|página=13|isbn=978-0-415-32089-4}}</ref> durante uma revolta liderada por um clã sacerdotal que havia perdido o poder após a conquista da Média por Ciro. De acordo com [[Heródoto]], Cambises&nbsp;II tinha se aventurado no Egito para se vingar de um truque do faraó [[Amásis]], que havia enviado uma esposa egípcia falsa, cuja família tinha sido assassinada por ele,<ref>Heródoto, ''[[Histórias (Heródoto)|Histórias]]'', vol. 1, livro II ([http://books.google.com/books?id=1uQaAAAAMAAJ&pg=PA245&dq=Herodotus+Amasis&hl=en&ei=a0o0Tb-HMdDegQfu64niCw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=3&sqi=2&ved=0CCwQ6AEwAg#v=onepage&q=Herodotus%20Amasis&f=false link online]) {{en}}</ref> no lugar de sua própria filha, para se casar com Cambises. Além disso, relatos negativos de maus-tratos causados por Amásis, feitos por [[Fanes de Halicarnasso]], um conselheiro sábio que servia a Amásis, ajudaram a encorajar Cambises a invadir o Egito. Amásis morreu antes que ele pudesse confrontá-lo, no entanto, porém seu sucessor, {{lknb|Psamético|III}}, foi derrotado por Cambises na [[Batalha de Pelúsio (525 a.C.)|Batalha de Pelúsio]].

Enquanto Cambises&nbsp;II estava no Egito, os [[sacerdotes]] [[Zoroastrianismo|zoroastristas]], chamados por Heródoto de [[mago]]s, usurparam o trono e instalaram nele um dos seus, Gaumata, que fingiu ser o irmão mais jovem de Cambises&nbsp;II, [[Esmérdis]], que havia sido assassinado três anos antes. Devido ao governo firme de Cambises&nbsp;II, especialmente sua postura a respeito de impostos,<ref>{{Citation|título=Outline of Persian history based on cuneiform inscriptions|autor=Augustus William Ahl|editora=Lemcke & Buechner|ano=1922|página=56}}</ref> e sua longa estadia no Egito, "todo o povo, persas, medos, e membros de todas as outras nações", reconheceram o usurpador, especialmente depois de ele conceder uma remissão nos impostos por três anos.<ref>{{Citar heródoto|3|68}}</ref> O próprio Cambises&nbsp;II, no entanto, não teria sido capaz de debelar os impostores, já que veio a morrer devido a um ferimento acidental no retorno do Egito.

A afirmação de que Gaumata teria personificado Bardia (Esmérdis) vem de Dario, o Grande e de seus registros na [[Inscrição de Beistum]]. Os historiadores se dividem quanto à possibilidade de que a história do impostor tenha sido inventada por Dario como justificativa para seu golpe.<ref>{{Citar web|url=http://concise.britannica.com/ebc/article-9068262/Smerdis|título=Smerdis|publicado=Concise.britannica.com|obra=[[Encyclopædia Britannica]]|acessodata=7-7-2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20071015232225/http://concise.britannica.com/ebc/article-9068262/Smerdis#|arquivodata=15-10-2007|urlmorta=yes}}</ref> Dario fez uma alegação semelhante quando conquistou, posteriormente, a Babilônia, anunciando que o rei babilônio não era, na realidade, [[Nabucodonosor III]], mas sim um impostor chamado Nidintu-Bel.<ref>{{Citar web|autor=Jona Lendering|url=http://www.livius.org/ne-nn/nidintu-bel/nidintubel.htm|título=Nidintu-Bêl / Nebuchadnezzar III|publicado=Livius.org|acessodata=7-7-2010|arquivourl=https://web.archive.org/web/20100714195400/http://www.livius.org/ne-nn/nidintu-bel/nidintubel.htm#|arquivodata=14-07-2010|urlmorta=no}}</ref>

De acordo com a [[Inscrição de Beistum]], Gaumata governou por sete meses antes de ser derrubado, em {{AC|522|x}}, por Dario (no [[persa antigo]], ''Dāryavush'' ou ''Darayarahush'', "aquele que segura firmemente o bem"). Os magos, embora perseguidos, continuaram a existir, e no ano seguinte à morte do primeiro pseudo-Esmérdis (Gaumata), ainda viram um segundo pseudo-Esmérdis (chamado Vahyazdāta) tentar um novo golpe que, embora inicialmente tenha sido bem-sucedido, acabou por fracassar.<ref>{{Citation|título=Herodotus: the text of Canon Rawlinson's translation, with the notes abridged, Volume 1|autor=[[Heródoto]]|editora=C. Scribner's|ano=1897|página=278|língua=inglês}}</ref>

Segundo [[Heródoto]],<ref>{{Citar heródoto|3|80-83}}</ref> a liderança nativa teria debatido a melhor forma de governo para o império, e chegado a conclusão que uma [[oligarquia]] lhes colocaria uns contra os outros, enquanto uma [[democracia]] levaria a uma eventual [[oclocracia]], que poderia resultar no surgimento dum líder carismático que daria um fim à monarquia. Assim, decidiu-se que um novo monarca deveria ser instaurado, especialmente tendo em vista que eles estavam em condição de escolhê-lo. Dario&nbsp;I, primo de Cambises&nbsp;II e Esmérdis, e supostamente descendente de [[Ariarâmenes]], foi escolhido dentre os líderes.

Os aquemênidas consolidaram seu controle então as outras regiões do império. Tanto Ciro, o Grande quanto Dario, o Grande, através de um planejamento administrativo previdente, manobras militares brilhantes e uma visão de mundo humanista, estabeleceram a grandeza dos aquemênidas e, em menos de trinta anos, elevou-os da condição de uma tribo obscura a uma potência mundial. Foi durante o reinado de Dario que Persépolis foi construída (518-{{AC|516|x}}), servindo como capital por diversas gerações de reis aquemênidas. [[Ecbátana]] (''Hagmatāna'', "cidade de reuniões", atual [[Hamadã]]), na Média, também foi expandida enormemente durante este período, e serviu como capital de verão.

Dario eventualmente atacou a [[Grécia]] continental, que estava apoiando as [[colônias gregas]] revoltosas sob sua égide; porém, como resultado de sua derrota na [[Batalha de Maratona]], foi obrigado a recuar os limites de seu império para a [[Ásia Menor]]. Alguns estudiosos afirmam que, no contexto da história do Oriente Médio do primeiro milênio, [[Alexandre, o Grande]] pode ser considerado o "último dos aquemênidas".<ref>{{Citation|título=Alexander the Great and His Empire: A Short Introduction|autor=Pierre Briant, Amélie Kuhrt|editora=Princeton University Press|páginas=183–5|isbn=978-0-691-14194-7|data=26 de julho de 2010}}</ref> Isto pode ser atribuído ao fato de Alexandre ter mantido, em maior ou menor escala, as mesmas estruturas políticas e fronteiras que os reis aquemênidas que o antecederam.

=== Guerras Greco-Persas ===
{{principal|Guerras Persas}}
[[Imagem:Persepolis Apadana noerdliche Treppe Detail.jpg|upright|left|thumb|Soldados medos (esquerda) e persas (direita)]]

No {{-séc|V}}, os reis da Pérsia dominavam territórios que equivalem aproximadamente aos atuais [[Irã]], [[Iraque]], [[Armênia]], [[Azerbaijão]], [[Paquistão]], [[Afeganistão]], [[Tajiquistão]], [[Turcomenistão]], [[Quirguistão]], [[Geórgia]], [[Macedônia (Antiguidade)|Macedônia]], [[Uzbequistão]], [[Turquia]], [[Bulgária]], [[Chipre]], [[Kuwait]], [[Egito]], [[Síria]], [[Jordânia]], [[Israel]], [[Líbano]], bem como diversas partes da [[Grécia]], [[Líbia]] e o norte da [[Arábia]].

A [[Revolta Jônia]], em {{AC|499|x}}, e as revoltas associadas a ela ocorridas na [[Eólida]], [[Dórida]], Chipre e [[Cária]], foram rebeliões militares iniciadas em diversas regiões da [[Ásia Menor]] contra o domínio persa, que duraram de 499 a {{AC|493|x}} No cerne dessas revoltas estava a insatisfação das cidades-estado gregas do litoral da atual Turquia contra os [[tirano]]s indicados pela Pérsia para governá-los, além das ações individuais de dois tiranos específicos de [[Mileto]], [[Histieu]] e [[Aristágoras]]. Em {{AC|499|x}}. Aristágoras, então tirano milésio, deu início a uma expedição conjunta com o [[sátrapa]] persa Artafernes, que visava conquistar a ilha de [[Naxos (ilha)|Naxos]], numa tentativa de se promover em Mileto, tanto financialmente quanto em termos de prestígio. A missão foi um fracasso, e percebendo que estava prestes a perder o poder, Aristágoras optou por incitar toda a Jônia a rebelar-se contra Dario, o Grande.

Os persas conseguiram debelar as cidades do litoral ocidental da Ásia Menor, até que finalmente estabelecer, em {{AC|493|x}}, um acordo de paz com as cidades jônias que foi geralmente considerado justo por ambos os lados.

A Revolta Jônia foi o primeiro grande conflito entre a Grécia e o Império Aquemênida, e como tal representa a primeira fase das chamadas Guerras Persas (ou Guerras Greco-Persas). A Ásia Menor voltou para o domínio persa, porém Dario jurou punir as cidades-estado gregas de [[Atenas]] e [[Erétria]] por seu apoio aos rebeldes durante a revolta.<ref>{{Citation|título=The ancient world from the earliest times to 800 A.D.|autor=Willis Mason West|editora=Allyn and Bacon|ano=1904|páginas=137|nota = The Athenian support was particularly troubling to Darius since he had come to their aid during their conflict with Sparta}}</ref> Ao ver também que a situação política da Grécia representava uma ameaça contínua à estabilidade do seu império, Dario decidiu empreender a conquista de toda a Grécia. As tropas persas, no entanto, foram derrotadas na [[Batalha de Maratona]], e Dario morreu sem ter a chance de iniciar uma nova invasão.

{{lknb|Xerxes|I}} (519-{{AC|465|x}}; em [[persa antigo]] ''Xšayārša'', "Heróis entre Reis"), filho de Dario, jurou concretizar o desejo de seu pai. Organizou uma invasão maciça; seu exército penetrou a Grécia pelo norte, encontrando pouca resistência na [[Macedônia (Antiguidade)|Macedônia]] e na [[Tessália]], porém seu avanço foi interrompido por três dias por um pequeno destacamento grego, durante a [[Batalha de Termópilas]]. Uma [[batalha naval]] ocorrida simultaneamente, em [[Artemísio]], acabou de maneira inconclusiva depois de tempestades ferozes destruíram navios de ambos os lados. Os gregos recuaram ao receber a notícia da derrota em Termópilas, e os persas mantiveram o controle inconteste de Artemísio e do [[mar Egeu]].

Após sua vitória em Termópilas, Xerxes saqueou a cidade de [[Antiga Atenas|Atenas]], que havia sido evacuada, e preparou-se para encontrar os gregos no [[Istmo de Corinto]] e no [[golfo Sarônico]]. Em {{AC|480|x}} os gregos conquistaram uma vitória decisiva sobre a frota persa na [[Batalha de Salamina]], e forçaram Xerxes a recuar até [[Sárdis]]. O exército que ele havia deixado na Grécia sob o comando do [[Estratego|general]] [[Mardônio]] reconquistou Atenas, porém acabou por ser destruído em {{AC|479|x}}, na [[Batalha de Plateia]]. A derrota final dos persas em [[Batalha de Mícale|Mícale]] encorajou as cidades-estado gregas da Ásia a se revoltarem, e marcaram o fim da expansão persa na Europa.

=== Fase cultural ===
[[Imagem:Gold cup kalardasht.jpg|thumb|upright=0.8|Vaso de ouro aquemênida, com representações de [[Leão|leões]]]]
[[Imagem:Iran-bracelet.jpg|thumb|upright=0.8|[[Bracelete]] antigo do período aquemênida, parte do [[Tesouro do Oxo]], {{AC|500|x}}, [[Irã]]]]

{{lknb|Xerxes|I}} foi sucedido por {{lknb|Artaxerxes|I}} (465–{{AC|424|x}}), que mudou a capital de Persépolis para a [[Babilônia (cidade)|Babilônia]]. Foi durante seu reinado que o [[Língua elamita|elamita]] deixou de ser o idioma oficial, e o [[Língua aramaica|aramaico]] ganhou importância. Foi provavelmente durante seu reinado que o [[calendário solar]] foi introduzido como calendário nacional. Sob Artaxerxes, o [[zoroastrianismo]] se tornou a [[religião oficial]] ''[[de facto]]'', e por este motivo até os dias de hoje o monarca é conhecido como o [[Constantino]] de sua fé.

Artaxerxes morreu em [[Susã]], e seu corpo foi levado a Persépolis, para ser enterrado na sepultura de seus antepassados. Foi sucedido por seu filho mais velho, {{lknb|Xerxes|II}}, que acabou por ser assassinado por um de seus meio-irmãos algumas semanas mais tarde. {{lknb|Dario|II}} conquistou o apoio das tropas para si e marchou para o leste, capturando e executando o assassino, e coroando-se em seu lugar.

A partir de 412 Dario&nbsp;II (423-{{AC|404|x}}), por insistência de [[Tissafernes]], comandante das tropas persas na Ásia Menor, deu apoio primeiro a [[Antiga Atenas|Atenas]], depois a [[Antiga Esparta|Esparta]], que disputavam o confronto que veio a ser conhecido como [[Guerra do Peloponeso]]. Em {{AC|407|x}}, o filho de Dario, [[Ciro, o Jovem]], foi indicado para substituir Tissafernes, e passou a apoiar ativa e exclusivamente Esparta, que acabou derrotando Atenas em {{AC|404|x}} Naquele mesmo ano, Dario adoeceu e morreu, na Babilônia; em seu leito de morte, sua esposa babilônia, [[Parisátide]], implorou a Dario que coroasse seu filho Ciro, o que Dario se recusou a fazer.

Dario foi sucedido por seu filho mais velho, {{lknb|Artaxerxes|II}}. [[Plutarco]] relata (provavelmente com base em [[Ctésias]]) que Tissafernes, insatisfeito por ter perdido seu cargo, teria se aproximado do novo rei no dia de sua coroação para alertá-lo que seu irmão mais novo, Ciro, o Jovem, estava preparando para assassiná-lo durante a cerimônia. Artaxerxes ordenou a prisão de Ciro, e o teria executado se sua mãe, Parisátide, não tivesse intervindo. Ciro foi então designado [[sátrapa]] da [[Lídia (satrapia)|Lídia]], onde deu início a uma revolta armada. Ciro e Artaxerxes se enfrentaram na [[Batalha de Cunaxa]], em {{AC|401|x}}, onde Ciro foi derrotado e morto.

Artaxerxes&nbsp;II (404-{{AC|358|x}}) foi o [[xá aquemênida|xá]] com o reinado mais longo, e foi durante este período de 45 anos de relativa paz e estabilidade que muitos dos monumentos do período foram construídos. Artaxerxes voltou a capital à Persépolis, que ele ampliou. A capital de verão, Ecbátana, também foi luxuosamente ampliada, decorada com colunas douradas e telhas de prata e cobre. A inovação extraordinária dos santuários zoroastristas também data de seu reinado, e foi provavelmente durante este período que a religião se disseminou pela [[Ásia Menor]], [[Levante (Oriente Médio)|Levante]] e [[Armênia]]. Esta benfeitoria, no entanto, embora servisse a um propósito religioso, não consistiu de um ato puramente abnegado; os templos serviam também como importantes fontes de renda. Os reis aquemênidas haviam tomado dos reis babilônios o conceito de um imposto obrigatório sobre os templos, um dízimo que todos os habitantes pagavam ao templo mais próximo de sua terra ou de sua fonte de renda.<ref>Dandamaev & Lukonin, 1989:361–362</ref> Uma parte deste dízimo, denominada ''quppu ša šarri'', "baú do rei" — uma instituição engenhosa introduzida originalmente por [[Nabonido]] — era então entregue ao soberano. Em retrospecto, Artaxerxes geralmente é visto como um homem de boa índole, mas que não tinha a consistência moral para ser um governante realmente bem-sucedido. Seis séculos mais tarde, no entanto, [[Artaxes I]], fundador do segundo império persa, se denominaria sucessor de Artaxerxes, testemunhando a importância que Artaxerxes ainda detinha sobre a psique persa.

=== A queda do império ===
[[Imagem:Map achaemenid empire pt.svg|thumb|Império Aquemênida por volta da época de Dario, o Grande e Xerxes]]

De acordo com Plutarco, o sucessor de Artaxerxes, {{lknb|Artaxerxes|III}} (358-{{AC|338|x}}), subiu ao trono de maneira sangrenta, conquistando o poder após assassinar oito de seus meio-irmãos.<ref>Hoschander, Jacob. "The Book of Esther in the Light of History: Chapter IV", ''The Jewish Quarterly Review'', New Series, Vol. 10, nº 1 (Jul., 1919), p. 87–88</ref> Em {{AC|343|x}}, Artaxerxes&nbsp;III derrotou {{lknb|Nectanebo|II}}, expulsando-o do Egito, e fez da nação africana novamente uma satrapia persa. Em {{AC|338|x}} Artaxerxes&nbsp;III morreu em circunstâncias pouco claras; segundo as fontes na [[escrita cuneiforme]] ele teria morrido de causas naturais, porém [[Diodoro Sículo]], um historiador grego, relata que Artaxerxes teria sido assassinado por [[Bagoas]], seu ministro.<ref name="a3dead">Chr. Walker, "Achaemenid Chronology and the Babylonian Sources," in: John Curtis (ed.), ''Mesopotamia and Iran in the Persian Period: Conquest and Imperialism, 539-331 B.C.'' (Londres 1997), p. 22.</ref> enquanto [[Filipe II da Macedônia|Filipe da Macedônia]] uniu as cidades-estado gregas à força, e começou a planejar a invasão do império.

Artaxerxes&nbsp;III foi sucedido por {{lknb|Artaxerxes|IV}}, que antes de poder agir também foi envenenado por Bagoas. Este ainda teria matado também não só todos os filhos de Arses, mas muitos dos outros príncipes do império, e instaurado no trono {{lknb|Dario|III}} (336-{{AC|330|x}}), um sobrinho de Artaxerxes&nbsp;IV. Dario, que anteriormente era [[Dinastia orôntida|sátrapa da Armênia]], forçou pessoalmente Bagoas a se suicidar tomando veneno. Em {{AC|334|x}}, quando Dario havia apenas acabado de subjugar o Egito novamente, Alexandre e suas experientes tropas ''invadiram a Ásia Menor''.

Os aquemênidas governaram o Egito por duas vezes diferentes, embora os egípcios por duas vezes também tenham reconquistado sua independência da Pérsia. Seguindo o modelo de [[Manetão]], [[História do Antigo Egito|historiadores egípcios]] se referem aos ''períodos de domínio aquemênida no Egito'' como a [[XXVII dinastia egípcia]] (525-{{AC|404|x}}), até a morte de Dario&nbsp;II, e a [[XXXI dinastia egípcia]] (343-{{AC|332|x}}), que se iniciou após a derrota de {{lknb|Nectanebo|II}} por {{lknb|Artaxerxes|III}}.

{{lknb|Alexandre,|o Grande}} derrotou os exércitos persas nas batalhas de [[Batalha de Granico|Granico]] ({{AC|334|x}}) e [[Batalha de Isso|Isso]] ({{AC|333|x}}), e, finalmente, em [[Batalha de Gaugamela|Gaugamela]] ({{AC|331|x}}). Em seguida, Alexandre marchou a [[Susã]] e [[Persépolis]], que se rendeu no início de {{AC|330|x}} De lá, Alexandre rumou para Pasárgada, para visitar a ''sepultura de Ciro, o Grande'', o local onde estava enterrado o homem que ele conhecia pela ''[[Ciropédia]]''.

[[Imagem:Battleofissus333BC-mosaic.jpg|thumb|left|upright=1.5|[[Batalha de Isso]], entre [[Alexandre, o Grande]] (sobre o cavalo, à esquerda), e {{lknb|Dario|III}} (sobre o veículo à direita), representada num [[mosaico]] em [[Pompeia]] que data do {{+séc|I}}; [[Museu Arqueológico Nacional de Nápoles|Museu Arqueológico Nacional]] de [[Nápoles]], [[Itália]]]]

No caos que se seguiu à invasão de Alexandre, a sepultura de Ciro foi arrombada e a maior parte dos objetos de valor que ela continha foram roubados. Alexandre, ao chegar nela e ver o que havia sido feito, ficou horrorizado e interrogou os [[mago]]s, levando-os a julgamento.<ref name=Cleveland>{{Citation|autor=[[Lúcio Flávio Arriano]] (trad. para o inglês de Charles Dexter Cleveland)|título=A compendium of classical literature:comprising choice extracts translated from Greek and Roman writers, with biographical sketches|ano=1861|editora=Biddle|páginas=313}}</ref><ref>{{Citation|título=Persia past and present|autor=Abraham Valentine Williams Jackson|ano=1906|editora=The Macmillan Company|páginas=278}}</ref> De acordo com alguns relatos, a decisão de Alexandre de julgar os magos teria mais a ver com uma tentativa sua de diminuir a influência deles e dar uma demonstração de poder no império recém-conquistado do que propriamente uma preocupação genuína com a tumba de Ciro.<ref>{{Citation|título=The Monthly review|autor=Ralph Griffiths, George Edward Griffiths|ano=1816|página=509}}</ref> Ainda assim, Alexandre ordenou que [[Aristóbulo de Cassandreia]] restaurasse as condições da sepultura e seu interior, numa demonstração de respeito ao antigo monarca.<ref name=Cleveland /> De lá, partiu para Ecbátana, onde Dario&nbsp;III havia se refugiado.

Dario&nbsp;III foi aprisionado por [[Besso]], seu próprio parente, sátrapa da [[Báctria]]. À medida que Alexandre se aproximava, Besso ordenou que seus homens matassem Dario&nbsp;III e declarou-se sucessor de Dario, com o nome de Artaxerxes&nbsp;V, antes de recuar para a [[Ásia Central]], deixando o corpo de Dario no caminho para Alexandre — que o levou para Persépolis e lhe deu um funeral com honrarias. Besso então liderou uma coalizão de tropas que pudesse se defender de Alexandre; no entanto, antes que ele pudesse se unir com seus aliados na parte leste do império,<ref>{{Citation|título=Alexander: a history of the origin and growth of the art of war from the earliest times to the battle of Ipsus, B.C. 301, with a detailed account of the campaigns of the great Macedonian|autor=Theodore Ayrault Dodge|editora=Houghton, Mifflin & Co.|ano=1890|página=438}}</ref> Alexandre conseguiu encontrá-lo, e o levou a julgamento num tribunal persa sob seu controle, que o condenou à morte e o executou de "uma maneira bárbara e cruel".<ref>{{Citation|título=A smaller history of Greece: from the earliest times to the Roman conquest|autor=Sir William Smith|editora=Harper & Brothers|página=196|ano=1887}}</ref>

Apesar de ter logrado conquistar todo o Império Persa, Alexandre não foi capaz de instaurar em seu lugar uma alternativa estável.<ref>[[#freeman|Freeman 1999]]: p. 188</ref> Após sua morte, o gigantesco território que havia sido dominado pelos aquemênidas se fragmentou em diversos impérios menores, dos quais o mais importante era o [[Império Selêucida]], governado pelos [[Estratego|generais]] de Alexandre e seus descendentes. Estes, por sua vez, seriam sucedidos pelo [[Império Parta]].

[[Estacar]], um dos reinos vassalos do Império Parta, seria dominado por [[Pabeco]], um sacerdote do templo local. O filho de Pabeco, {{lknb|Artaxes|I}}, que deu a si mesmo este nome em homenagem a Artaxerxes&nbsp;II, acabaria por se revoltar contra os [[partas]], derrotando-os e fundando o [[Império Sassânida]], também conhecido como 'Segundo Império Persa'.

=== Descendentes nas dinastias iranianas posteriores ===
Dinastias posteriores do Império Persa, como os [[partas]] e os [[sassânidas]], ocasionalmente alegaram descendência dos aquemênidas. Recentemente, houve alguma corroboração para a pretensão parta evidenciada numa [[doença hereditária]] ([[neurofibromatose]]), demonstrada através das descrições físicas dos governantes e das evidências de doenças familiares em moedas antigas.<ref>{{Citar periódico|autor=Ashrafian, Hutan.|título=Limb gigantism, neurofibromatosis and royal heredity in the Ancient World 2500 years ago: Achaemenids and Parthians|jornal=J Plast Reconstr Aesthet Surg|volume=64|ano=2011|páginas=557|doi=10.1016/j.bjps.2010.08.025|url=http://www.jprasurg.com/article/S1748-6815(10)00521-8/pdf%7C.|número=4|pmid=20832372}}{{Ligação inativa|data=janeiro de 2019}}</ref>

== Governo ==
[[Imagem:Darius I the Great's inscription.jpg|thumb|A [[Inscrição de Beistum]] narra a história das conquistas de [[Dario, o Grande]], com os nomes de 23 satrapias governadas por ele]]
[[Imagem:Behistun DB1 1-15.jpg|thumb|[[Inscrição de Beistum]], coluna 1 (DB I 1–15)]]
[[Ciro, o Grande]] fundou o Império Aquemênida como um [[império]] multi-[[Estado|estatal]], governado a partir de quatro capitais: [[Pasárgada]], [[Babilônia]], [[Susã]] e [[Ecbátana]]. Os aquemênidas permitiam uma determinada quantidade de autonomia regional, na forma do sistema de [[satrapia]]s. Cada satrapia era uma unidade administrativa distinta, geralmente organizada com base na geografia local. O '[[sátrapa]]' era o rei [[vassalo]], que administrava a região em nome do imperador, um 'general' supervisionava o recrutamento militar e garantia a ordem, e um 'secretário de estado' mantinha os registros oficiais. O general e o secretário de estado reportavam diretamente para o sátrapa, bem como para o governo central. Em diferentes períodos da história persa, chegaram a existir de 20 a 30 satrapias.<ref>''Engineering an Empire – The Persians''. Documentário do ''[[History Channel]]'', narrado por [[Peter Weller]]</ref>

Ciro criou um exército organizado, que incluía a unidade conhecida como [[Imortais]], que consistia de {{formatnum:10000}} soldados altamente treinados.<ref name=br261/> Ciro também desenvolveu um [[sistema postal]] inovador por todo o império, com base em diferentes estações de revezamento, chamadas de [[Chapar Khaneh]].<ref>[[Heródoto]], 8, 98.</ref>

[[Dario, o Grande]] mudou a capital de [[Pasárgada]] para [[Persépolis]];<ref>''Persepolis Recreated'' – Publisher: NEJ International Pictures; 1ª edição (2005) ISBN 978-964-06-4525-3 ASIN: B000J5N46S</ref> revolucionou a economia ao cunhar moedas de [[ouro]] e [[prata]] e introduziu um sistema de impostos regulamentado e sustentável, que era projetado de acordo com as necessidades de cada satrapia, com base em sua suposta produtividade e seu potencial econômico. A Babilônia, por exemplo, tinha de pagar os valores mais altos como tributo, além de uma enorme e variada quantidade de mercadorias — {{formatnum:1000}} [[Talento (medida)|talentos]] de prata, quatro meses de mantimentos para o exército. A [[Índia]] era célebre por seu ouro; a província, que consistia na época das regiões do [[Sinde]] e do [[Punjabe]] ocidental, trocava pó de ouro equivalente à quantidade incrível de {{formatnum:4680}} talentos de ouro, por diversas mercadores. Já o [[Antigo Egito|Egito]] era conhecido pela riqueza de suas safras; destinada a ser o [[celeiro]] do Império Persa (bem como do [[Império Romano]], mais tarde), era obrigado a fornecer {{formatnum:120000}} medidas de [[trigo|grão]], além de 700 talentos de prata. Estas taxas eram cobradas exclusivamente dos povos subjugados.<ref name="historyworld.net">{{Citar web|url=http://www.historyworld.net/wrldhis/PlainTextHistories.asp?historyid=aa65|título=History Of Iran (Persia)|publicado=Historyworld.net|acessodata=7-1-2011}}</ref> Entre outros feitos de Dario estão a criação de uma [[Codificação jurídica]], consolidando assim um sistema legal universal, e a construção da nova capital, em [[Persépolis]].

Sob os aquemênidas, o comércio foi extenso, e havia uma infraestrutura eficiente que facilitava a troca de mercadorias nos confins mais distantes do império. Tarifas sobre o comércio eram uma das principais fontes de renda do império, juntamente com a agricultura e os impostos.<ref name="historyworld.net"/><ref>{{Citar web|url=http://www.1902encyclopedia.com/D/DAR/darius-i-the-great.html|título=Darius I (Darius the Great), King of Persia (from 521 BC)|publicado=1902encyclopedia.com|acessodata=7-1-2011}}</ref>

As satrapias eram ligadas por um sistema de estradas de {{formatnum:2500}} quilômetros, cujo trecho mais impressionante era a [[Estrada Real Persa|Estrada Real]], que ia de Susã a [[Sárdis]], construídas sob ordens de Dario&nbsp;I. Os mensageiros a cavalo revezavam-se pelo percurso, e alcançavam as áreas mais remotas do império em quinze dias. Apesar da relativa independência local gerada pelo sistema de satrapias, inspetores reais conhecidos como "os olhos e ouvidos do rei" percorriam o império, enviando relatórios das condições locais. O monarca também contava com os {{formatnum:10000}} Imortais como guarda-costas pessoais quando o império não estava em guerra.

Acredita-se que a prática da [[escravidão]] tenha sido banida na Pérsia aquemênida, embora existam evidências de que exércitos conquistados ou revoltosos tenham sido capturados e vendidos.<ref>M. Dandamayev, “Foreign Slaves on the Estates of the Achaemenid Kings and their Nobles,” in ''Trudy dvadtsat' pyatogo mezhdunarodnogo kongressa vostokovedov II'', Moscou, 1963, p. 151–52</ref> O [[zoroastrianismo]], religião ''[[de facto]]'' do império, proíbe explicitamente a escravidão,<ref>{{Citar web|url=http://www.zarathushtra.com/z/article/dgm/vol2.htm|título=Volume 2|publicado=Zarathushtra.com|data=11 de fevereiro de 2005|acessodata=7-7-2010}}</ref> e os reis da Pérsia aquemênida, especialmente Ciro, o fundador do império, acataram esta proibição, como é evidenciado pela libertação dos [[judeus]] do [[cativeiro na Babilônia]] e a construção de Persépolis por trabalhadores pagos.

A [[Vexiloide]] do Império Aquemênida tinha um [[falcão]] de ouro sobre um fundo carmesim.<ref>{{Citar web|url=http://www.webcitation.org/5km8FUWby|título=Vexilloid of the Achaemenid Empir}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.webcitation.org/5km8ESGII|título=Flags of Persian History}}</ref>
<!-- {{Províncias aquemênidas}} -->

== Forças armadas ==
[[Imagem:Achaemenid cavalry in Asia Minor.jpg|miniaturadaimagem|Representação de um cavaleiro persa no sarcófago de Altıkulaç, na Turquia]]
Apesar de suas origens humildes, em ''[[Persis]]'', o império atingiu um tamanho enorme sob a liderança de [[Ciro, o Grande]]. Ciro criou um império formado por diversos estados, no qual permitiu que os líderes regionais, os sátrapas, governassem em seu nome sob determinadas regiões do império, as [[satrapia]]s. A regra básica de governo era a lealdade e a obediência de cada satrapia ao poder central, o rei, e a obediência às leis de impostos.<ref name=cyv/> Devido à diversidade etnocultural das nações submetidas ao jugo da Pérsia, a seu enorme tamanho geográfico, a às constantes disputas por poder pelos rivais regionais,<ref name=agr/> a criação de um [[exército]] profissional foi necessária para a manutenção da paz, e para exercer a autoridade do rei em casos de rebeliões e ameaças externas.<ref name=sch1/><ref name=br261/> Ciro conseguiu criar um exército terrestre forte, e utilizou-o em suas campanhas na [[Segundo Império Babilônico|Babilônia]], na Lídia e na [[Ásia Menor]]; após sua morte, seu filho, {{lknb|Cambises|II}}, utilizou-o no [[Antigo Egito|Egito]], contra {{lknb|Psamético|III}}. Ciro acabou morrendo durante um combate contra uma insurgência iraniana local, antes de ter a chance de desenvolver uma [[Marinha|força naval]].<ref>Thirlwall, Connop. ''A History of Greece'', volume 2, Longmans, 1836, p. 174</ref> A tarefa de criar uma marinha real coube a [[Dario, o Grande]], o que permitiu que os persas pudessem enfrentar seus inimigos nos diversos mares que banhavam seu vasto império, do [[mar Mediterrâneo]], [[Mar Negro|Negro]] e [[Mar Egeu|Egeu]] ao [[golfo Pérsico]] e [[oceano Índico]].

=== Marinha ===
Desde sua fundação por Ciro, o Império Persa foi primordialmente um império terrestre, com um forte exército, porém desprovido de forças navais. No {{-séc|V}} isto mudaria, já que o império passou a enfrentar tropas gregas e egípcias, cada qual com suas próprias tradições e capacidades marítimas. Dario, o Grande (Dario&nbsp;I) é creditado como o primeiro [[xá aquemênida|xá]] a investir numa [[frota]] persa.<ref name=navy>{{Citation|título=Shadows in the desert: ancient Persia at war|autor=Farrokh, Kaveh|editora=Osprey Publishing|ano=2007|página=68|isbn=978-1-84603-108-3}}</ref> Ainda assim, não existia uma "marinha imperial" legítima, semelhante às armadas grega e egípcia. A Pérsia se tornaria o império, sob a liderança de Dario, a inaugurar e utilizar em combate a primeira marinha imperial regular.<ref name=navy/> Apesar deste feito, os marinheiros desta armada imperial não vinham da Pérsia propriamente dita, mas em sua maioria eram [[fenícios]] (a maior parte de [[Sídon]]), [[egípcios]], [[cipriotas]] e [[gregos]] escolhidos por Dario para operar os veículos navais de combate do império.<ref name=navy/>

Inicialmente os navios foram construídos em Sídon, pelos fenícios; os primeiros navios aquemênidas mediam cerca de 40 metros de comprimento e seis de largura, e eram capazes de transportar até 300 soldados por viagem. Apesar das técnicas de construção dos navios e do arsenal terem se originado em Sídon, logo outros estados do império começaram a construir seus próprios navios, cada qual incorporando preferências locais. Os navios acabaram por ser utilizados começaram até mesmo no Golfo Pérsico.<ref name=navy/> As frotas persas formaram os alicerces para uma forte presença marítima no golfo Pérsico, que existiu até a chegada da [[Companhia Britânica das Índias Orientais]] e da [[Marinha Real Britânica]], em meados do {{séc|XIX}} Os persas não apenas se estabeleceram nas ilhas do golfo Pérsico, mas também tinham navios de menor capacidade (100 a 200 soldados) patrulhando os diversos rios do império, incluindo o [[Xatalárabe]], o [[rio Tigre|Tigre]] e o [[Rio Nilo|Nilo]], bem como a bacia do [[rio Indo|Indo]], na Índia.<ref name=navy/>

O alto comando naval aquemênida estabeleceu grandes bases navais, localizadas ao longo do Xatalárabe, no [[Barém]], [[Omã]] e [[Iêmen]]. As frotas persas logo não seriam apenas usadas para propósitos de manutenção da paz, mas também abririam as portas para o comércio com a Índia, através do golfo Pérsico.<ref name=navy/> A marinha de Dario era uma potência mundial, porém seria apenas no reinado de {{lknb|Artaxerxes|II}}, no verão de {{AC|397|x}}, que uma marinha formidável seria construída, parte de um processo de rearmamento que levaria até sua vitória decisiva em [[Cnidos]], no ano de {{AC|394|x}}, restabelecendo o domínio aquemênida na [[Jônia]]. Artaxerxes&nbsp;II também utilizaria sua enorme marinha para debelar uma rebelião no Egito.<ref name=navi>{{Citation|título=Aspects of empire in Achaemenid Sardis|autor=Dusinberre, Elspeth R. M.|editora=Cambridge University Press|ano=2002|página=42|isbn=978-0-521-81071-5}}</ref>

O material de construção preferido era [[madeira]], porém alguns navios aquemênidas encouraçados tinham lâminas metálicas em sua proa, destinadas a cortar os navios inimigos utilizando-se do impulso do próprio veículo. Os navios também estavam equipados com ganchos em seu lado, para fixar-se aos navios dos inimigos, ou para alcançá-los mais rapidamente. Os navios eram movidos à vela ou remo. Para os embates marítimos, os navios dispunham de duas [[manganela]]s que serviam para arremessar projéteis, tais como rochas ou substâncias inflamáveis, nos inimigos.<ref name=navy/>

=== Exército aquemênida ===
[[Imagem:Achaemenid soldiers against Scythians.jpg|left|miniaturadaimagem|Representação num [[selo cilíndrico]] de soldados persas combatendo [[citas]]]]

O exército estava organizado sobre uma base decimal: divisões com dez mil homens tinham dez batalhões de mil homens, e cada batalhão, cem grupos de dez homens; cada grupo, batalhão e divisão tinha um oficial comandante.

Em tempo de guerra, o exército era composto por soldados de todas as nações do império, sob o comando de persas ou medos. Havia um corpo de elite exclusivamente persa ou, em menor proporção, medo. Quando Gaumata tentou usurpar o trono de Cambises&nbsp;II, no ano 521, foi derrotado por contingentes persas e medos. Dos oito generais mais importantes mencionados por Dario na inscrição de Beistum, seis eram persas, um medo, e um armênio.

O núcleo principal do exército era composto pelos "dez mil imortais", um corpo de infantaria e um corpo de cavalaria de elite. Guarnições persas se espalhavam por todo o império, em locais estratégicos. Na corte imperial e nas satrapias, os oficiais eram recrutados entre a juventude nobre, e treinados em academias militares, com ênfase nos costumes tradicionais persas, no hipismo, na prática do arco-e-flecha, na caça, na vida simples, vivida com moderação, dentro das regras prescritas. Esse aprendizado era complementado pelo estudo da história, da religião, do direito e a familiarização com os métodos usados pelo rei para conceder ou recusar favores.

O instrumento por excelência do poderio persa era o exército. A elite das forças armadas era fornecida pelos persas e medos. A guarda real se compunha de dois mil infantes e dois mil cavaleiros, todos nobres. Seguia-se o corpo dos dez mil imortais, assim chamados porque na batalha seu número nunca diminuía, pois as baixas eram logo preenchidas com novos elementos. As satrapias forneciam o grosso do exército. Os povos cavaleiros, principalmente os habitantes das estepes, constituíam a cavalaria; os hindus utilizavam carros puxados por zebras e cavalos; os árabes compareciam com seus camelos; as populações do litoral mediterrâneo contribuíam com os elementos de uma poderosa esquadra. Note-se que na hierarquia militar, os postos de oficiais superiores e generais eram reservados aos persas.

O grande defeito do exército dos reis persas era sua heterogeneidade: quando essas massas, as vezes confusas, encontravam diante de si tropas homogêneas e bem-organizadas, fracassavam. Foi o que aconteceu, por exemplo, nas guerras com os gregos e no ataque de Alexandre.

[[Xenofonte]] descreve um relato em primeira pessoa de uma gigantesca ponte militar criada com a união de 37 navios persas sobre o [[rio Tigre]]. Os persas utilizavam o poder de flutuação de cada navio para suportar sobre eles uma ponte sobre o qual mercadorias e suprimentos podiam circular.<ref name=navy/> [[Heródoto]] também registrou diversos relatos de persas utilizando-se de navios para construir pontes.<ref>{{Citation|título=Encyclopaedia iranica, volume 4, edições 5–8|autor=Routledge & Kegan Paul|ano=1982|editora=Ehsan Yar-Shater}}</ref><ref>{{Citation|título=The Persian Empire|autor=Cook, John Manuel|editora=Schocken Books|ano=1983}}</ref> Dario, o Grande, ao tentar subjugar os cavaleiros [[citas]] a norte do mar Negro, cruzou o [[Bósforo]] utilizando-se de uma ponte colossal feita de navios aquemênidas, marchando depois até o [[Rio Danúbio|Danúbio]] e cruzando-o por meio de outra ponte de navios.<ref>{{Citation|título=The Scythians, 700-300 BC|autor=Cernenko, E. V., McBride, Angus e Gorelik, M. V.}}</ref> A ponte sobre o Bósforo ligava essencialmente a ponta mais próxima da Ásia à Europa, sobre pelo menos {{formatnum:1000}} metros de mar aberto, se não mais. Heródoto descreve a cena, e chama-a de "ponte de Dario":<ref>{{Citation|título=The History of Herodotus: a new English version, Volume 3|autor=[[Heródoto]] (trad. para o inglês de George Rawlinson, ''Sir'' Henry Creswicke Rawlinson, ''Sir'' John Gardner Wilkinson)|editora=John Murray|ano=1859|página=77 (cap. 86)}}</ref>

{{Citação2|cinzabq=s|''O estreito chamado Bósforo, sobre o qual foi lançada a ponte de Dario, tem cento e vinte ''[[furlong]]s'' de comprimento, e vai do [[Euxino]] à [[Propôntide]]. A Propôntide tem cem ''furlongs'' de largura, e catorze de comprimento; suas águas desembocam no [[Dardanelos|Helesponto]], cujo comprimento é de 400 ''furlongs'' […]''}}

Anos mais tarde, uma ponte semelhante feita de navios seria construída por Xerxes, o Grande ({{lknb|Xerxes|I}}), em sua invasão da Grécia. Embora os persas não tenham conseguido capturar as cidades-estado gregas completamente, a tradição de envolvimento marítimo foi perpetuada pelos reis persas, em especial Artaxerxes&nbsp;II. Anos mais tarde, quando [[Alexandre, o Grande]] invadiu a Pérsia, antes de avançar para a Índia, ele obteve uma página dos documentos militares persas, e fez com que [[Heféstion]] e [[Pérdicas]] lhe construíssem uma ponte de navios semelhante no [[rio Indo]], na Índia, na primavera de {{AC|327|x}}.<ref>{{Citation|título=Who's who in the age of Alexander the Great: prosopography of Alexander's empire|autor=Heckel, Waldemar|editora=Wiley-Blackwell|ano=2006|página=134|isbn=978-1-4051-1210-9}}</ref>

== Cultura ==
[[Imagem:Persepolis001.jpg|thumb|As ruínas de [[Persépolis]]]]
[[Imagem:Tachar-Persepolis-Iran.tif|thumb|Ruínas do [[Palácio de Tachar]], em Persépolis]]
[[Imagem:Rython boz.jpg|thumb|[[Ritão]] de ouro escavado em [[Ecbátana]], [[Museu Nacional do Irã]]]]

[[Heródoto]], em seu relato escrito no {{-séc|V}} dos [[persas]] que habitavam o [[Ponto (Antiguidade)|Ponto]], relata que os jovens persas, dos cinco aos vinte anos, aprendiam três coisas: ''"a andar a cavalo, atirar com arco e flecha e falar a verdade."''<ref name=hero>{{Citation|título=''[[Histórias (Heródoto)|Histórias]]''|autor=[[Heródoto]] (trad. para o inglês por George Rawlinson)|outros=Grécia Antiga (publ. em inglês, 2009)|páginas=43–44|isbn=978-1-4209-3305-5}}</ref>

Heródoto ainda acrescenta que a maior desgraça, para um persa, era mentir; a segunda pior, era se endividar, porque, entre outras coisas, a dívida obriga quem a assumiu a mentir.<ref name=hero/>

Na Pérsia aquemênida, a [[mentira]], ''druj'', é considerado um [[pecado capital]], punível com a morte em alguns casos extremos. Inscrições em tabuletas descobertas por [[arqueólogo]]s na década de 1930<ref name="OIP_117">{{Citation|autor=Garrison, Mark B. e Root, Margaret C.|url=http://oi.uchicago.edu/OI/DEPT/PUB/SRC/OIP/117/OIP117.html|título=Seals on the Persepolis Fortification Tablets, Volume 1. Images of Heroic Encounter'' (OIP 117)''|editora=Online Oriental Institute Publications|local=Chicago|ano=2001|acessodata=9-1-2007|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070105203909/http://oi.uchicago.edu/OI/DEPT/PUB/SRC/OIP/117/OIP117.html#|arquivodata=05-01-2007|urlmorta=no}}</ref> no sítio de Persépolis forneceu evidências adequadas sobre o amor e o culto dedicados à verdade durante o período aquemênida. Estas tabuletas contêm o nome de persas comuns, principalmente comerciante e donos de armazéns.<ref name="EIR_Dandamayev_Elamite">{{Citation|título=Persepolis Elamite Tablets|último=Dandamayev|primeiro=Muhammad|ano=2003|enciclopédia=Encyclopedia Iranica|url=http://www.iranica.com/articles/sup/Persepolis_Elam_Tab.html|acessodata=9-1-2007}}</ref> De acordo com o professor Stanley Insler da [[Universidade de Yale]], até 72 destes nomes de funcionários públicos e trabalhadores comuns encontrados nestas tabuletas contêm a palavra ''verdade''.<ref>{{Citar web|autor=Insler, Stanley|título=The Love of Truth in Ancient Iran|url=http://www.vohuman.org/Article/The%20Love%20of%20Truth%20in%20Ancient%20Iran.htm|ano=1975|acessodata=9-1-2007|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070505064033/http://www.vohuman.org/Article/The%20Love%20of%20Truth%20in%20Ancient%20Iran.htm#|arquivodata=05-05-2007|urlmorta=yes}} in {{Citation|autor=Insler, Stanley; Duchesne-Guillemin, J. (ed.)|título=The Gāthās of Zarathustra'' (Acta Iranica 8)''|ano=1975|editora=Brill|local=Liège}}</ref> Alguns exemplos, segundo Insler, seriam ''Artapana'', "protetor da verdade", ''Artakama'', "amante da verdade", ''Artamanah'', "inclinado à verdade", ''Artafarnah'', "que tem o esplendor da verdade", ''Artazusta'', "que se deleita com a verdade", ''Artastuna'', "pilar da verdade", ''Artafrida'', "prosperando na verdade", e ''Artahunara'', "que tem a nobreza da verdade". Durante seu reinado [[Dario, o Grande]] decretou a ''Ordenança das Boas Normativas'', em inscrições [[Escrita cuneiforme|cuneiforme]]s, abordando a batalha constante contra a mentira. Esculpida no alto da [[Inscrição de Beistum|montanha de Beistum]], na estrada para [[Quermanxá]], Dario testemunha:<ref>{{Citation|título=Companino Encyclopedia of Asian philosophy|autor=Carr, Brian|editora=Taylor & Francis|ano=1997|isbn=978-0-415-03535-4}}</ref>

{{Citação2|cinzabq=s|''Eu não fui um seguidor da mentira. Eu não fiz o mal […] De acordo com o bem me comportei. Nem aos fracos nem aos poderosos fiz mal. Ao homem que me ajudou com minha casa, recompensei bem; aquele que me feriu, puni bem.''}}

Dario esteve ocupado com revoltas de grande escala que eclodiram por todo o império. Após derrotar com sucesso nove traidores em um ano, Dario registrou suas batalhas contra eles para a posteridade, contanto como teria sido a ''mentira'' que fizera com que eles se rebelassem contra o império. Em Beistum, ele diz:

{{Citação2|cinzabq=s|''Derrotei e aprisionei nove reinos. Um tinha o nome de [[Gaumata]], um [[mago]]; ele mentiu, assim dizendo: sou [[Esmérdis]], filho de Ciro […] Um, de nome Acina, um [[Elamitas|elamita]], mentiu, dizendo assim:: sou rei de [[Elão]] […] Outro, [[Nabucodonosor III|Nidintu-Bel]] de nome, um babilônio; ele mentiu, dizendo assim: sou Nabucodonosor, filho de [[Nabonido]].''}}

Dario então afirma que teria lhes dito:
{{Citação2|cinzabq=s|''A mentira lhes fez rebeldes, e fez com que enganassem o povo.''<ref>{{Citar web|título=Darius, Behishtan (DB), Column 1|url=http://www.avesta.org/op/op.htm#db1}} From {{Citation|autor=Kent, Roland G.|ano=1953|título=Old Persian: Grammar, texts, lexicon|local=New Haven|editora=American Oriental Society}}</ref>}}

Dario deixa então um conselho ao seu filho, {{lknb|Xerxes|I}}, que iria sucedê-lo como grande rei:
{{Citação2|cinzabq=s|''Tu serás rei de agora em diante, proteja-te vigorosamente da Mentira; o homem que for um seguidor da mentira, puna-o bem, se assim achar apropriado. Que meu país esteja seguro!''}}

=== Línguas ===
[[Imagem:Achaemenid prince's head 2.jpg|thumb|upright=0.8|left|A rainha persa [[Atossa]], esposa de [[Dario, o Grande]] e mãe de {{lknb|Xerxes|I}}]]

Durante o reinado de Ciro e Dario, enquanto a sede de governo ainda era [[Susã]], em [[Elão]], o idioma da chancelaria era o [[Língua elamita|elamita]]. Isto pode ser atestado principalmente nas fortificações de [[Persépolis]] e nas tabuletas do tesouro, que revelam detalhes do funcionamento cotidiano do império.<ref name="EIR_Dandamayev_Elamite"/> Nas inscrições colossais dos reis esculpidas na parede rochosa, os textos em elamita estão sempre acompanhados por textos em [[Língua acádia|acádio]] e [[persa antigo]], e parece que, nestes casos, os textos em elamita seriam inicialmente traduções dos textos em persa. É provável então que, embora o elamita tenha sido usado pelo governo da capital de Susã, não era uma língua de governo padronizada no resto do império. O uso do elamita não é atestado após {{AC|458|x}}

Após a conquista da [[Mesopotâmia]], o [[Língua aramaica|aramaico]] (tal como era utilizado naquele território) foi adotado como "veículo para comunicação escrita entre as diferentes regiões do vasto império, com seus diferentes povos e idiomas". O uso de uma língua oficial única, que os estudiosos modernos denominaram 'aramaico oficial' ou '[[Aramaico#Aramaico antigo|aramaico imperial]]', "teria contribuído enormemente ao sucesso espetacular dos aquemênidas em manter seu imenso império por tanto tempo quanto conseguiram.".<ref>{{Citation|enciclopédia=Encyclopedia Iranica|volume=2|ano=1987|título=Aramaic<!-- pp:250-261 --><!-- section:Aramaic in the Achaemenid Empire pp:251/252-->|último=Shaked|primeiro=Saul|publicado=Routledge & Kegan Paul|local=Nova York|páginas=250–261}} p. 251</ref> Em 1955, o historiador e iranólogo americano [[Richard Frye]] questionou a classificação do aramaico imperial como uma "língua oficial", observando que nenhum edito que tenha sobrevivido até os dias de hoje atribui este status de maneira expressa e sem ambiguidade a um determinado idioma em particular.<ref>{{Citar periódico|autor=Frye, Richard N. e Driver, G. R.|título=Review of G. R. Driver's "Aramaic Documents of the Fifth Century B. C."|jornal=Harvard Journal of Asiatic Studies|volume=18|número=3/4|ano=1955|páginas=456–461|doi=10.2307/2718444|jstor=2718444|editora=Harvard Journal of Asiatic Studies, vol. 18, nº 3/4}} p. 457.</ref> Frye reclassificou o aramaico imperial como "[[língua franca]]" dos territórios aquemênidas, sugerindo que a utilização do idioma pelos aquemênidas teria sido mais difundida do que se costumava acreditar. Diversos séculos após a queda do império, a [[Aramaico|escrita aramaica]] e o [[vocabulário]] do aramaico — na forma de [[ideograma]]s — sobreviveriam como as características essenciais do sistema de escrita [[pálavi]].<ref>{{Citation|autor=[[Wilhelm Geiger|Geiger, Wilhelm]]e [[Ernst Kuhn]]|ano=2002|título=Grundriss der iranischen Philologie: Band I. Abteilung 1|local=location=Boston|editora=Adamant}} p. 249ff.</ref>

Embora o persa antigo também apareça em alguns selos e objetos de arte, o idioma foi atestado primordialmente nas inscrições aquemênidas do Irã ocidental, sugerindo então que o persa antigo seria a língua comum daquela região. Já no reinado de Artaxerxes&nbsp;II, no entanto, a [[gramática]] e a [[ortografia]] das inscrições estava "longe da perfeição",<ref>{{Citar periódico|autor=Ware, James R. e Kent, Roland G.|título=The Old Persian Cuneiform Inscriptions of Artaxerxes&nbsp;II and Artaxerxes&nbsp;III|jornal=Transactions and Proceedings of the American Philological Association|volume=55|ano=1924|páginas=52–61|doi=10.2307/283007|jstor=283007|editora=Transactions and Proceedings of the American Philological Association, vol. 55}} p. 53</ref> sugerindo que os [[escriba]]s que compuseram aqueles textos já haviam começado a se esquecer do idioma, e tinham que se basear em inscrições mais antigas, que eles acabaram em grande parte por reproduzir ''[[ipsis litteris]]''.<ref>{{Citar periódico|autor=Gershevitch, Ilya|título=Zoroaster's own contribution|jornal=Journal of Near Eastern Studies|volume=23|número=1|ano=1964|páginas=12–38|doi=10.1086/371754}} p. 20.</ref>

=== Costumes ===
[[Heródoto]] menciona que os persas eram convidados a grandes banquetes de aniversário,<ref>Heródoto, ''[[Histórias (Heródoto)|Histórias]]'', 8.</ref> a que se seguiam diversas [[sobremesa]]s, uma parte da refeição pela qual eles repreendiam os gregos por omitirem-na de suas refeições. Heródoto também comentou que os persas bebiam [[vinho]] em grande quantidade, utilizando-os até mesmo em seus conselhos, deliberando sobre assuntos importantes sob a influência da bebida, e decidindo no dia seguinte, quando estavam sóbrios, a respeito de como agir sobre a decisão tomada.

=== Religião ===
[[Imagem:Farvahar001.JPG|thumb|upright=0.8|[[Baixo-relevo]] de [[Farvahar]], em Persépolis, Irã]]
[[Imagem:Amulet-pendant Louvre Sb3906.jpg|thumb|upright=0.8|Imagem de uma leoa usada como pingente, fim do {{séc|VI}}-{{AC|IV|x}}, de Susã. [[Departamento de Antiguidades Orientais]], [[Museu do Louvre]]]]

Foi durante o período aquemênida que o [[zoroastrianismo]] alcançou o sudoeste do Irã, onde passou a ser aceito pelos governantes locais e, através deles, tornou-se um elemento definidor da cultura persa. A religião foi acompanhada não apenas uma formalização dos conceitos e divindades do [[panteão]] tradicional [[Povos indo-iranianos|indo-iraniano]], mas também por diversas novas ideias, incluindo a do [[Livre arbítrio na teologia|livre arbítrio]].<ref>{{Citation|título=Zoroastrian Studies: The Iranian Religion and Various Monographs (1928)|autor=Jackson, A. V. Williams|ano=2003|editora=Kessinger Publishing|páginas=224|isbn=978-0-7661-6655-4}}</ref><ref>{{Citation|título=The Ancient Persians|autor=Virgina Schomp|ano=2009|editora=Marshall Cavendish|páginas=24|isbn=978-0-7614-4218-9}}</ref>

Sob o patrocínio dos reis aquemênidas, tornando-se a religião ''[[de facto]]'' do estado por volta do {{-séc|V}}, o zoroastrianismo alcançou todos os cantos do império. A [[Bíblia]] registra que [[Ciro, o Grande]] teria permitido o regresso dos [[judeus]] à sua [[Terra prometida|terra natal]] após anos de [[cativeiro na Babilônia|cativeiro]] pelos impérios [[Império Neoassírio|Assírio]] e [[Império Neobabilônico|babilônio]].

Durante o reinado de Artaxerxes&nbsp;I e Dario&nbsp;II, [[Heródoto]] escreveu que "[os persas] não têm imagens de deuses, nem templos ou altares, e consideram a utilização destas coisas um sinal de loucura. Isto vem, creio, por eles não acreditarem que os deuses tenham a mesma natureza que o homem, como os gregos imaginam." Heródoto alega que os persas oferecem [[sacrifício]]s para "o sol e a lua, a terra, o fogo, a água e os ventos. Estes são os únicos deuses, cujo culto foi passado desde os tempos antigos. Num período posterior passaram a cultuar [[Urânia]], que eles emprestaram dos [[árabes]] e assírios. [[Mílita]] (''Mylitta'') é o nome pelo qual os assírios conheciam esta deusa, chamada pelos persas de [[Anaíta]]." O nome original aqui seria [[Mitra]], e desde então este trecho foi explicado como uma confusão feita pelo autor entre Mitra e Anaíta, justificável já que ambos eram cultuados no mesmo templo.

O sacerdote-acadêmico babilônio [[Beroso]] que, embora escrevendo mais de 70 anos depois do reinado de {{lknb|Artaxerxes|II}}, registrou que o imperador havia sido o primeiro a fazer estátuas de divindades para serem cultuadas, e ordenou que elas fossem colocadas em templos nas principais cidades do império,<ref>Beroso, III. 65</ref> confirmando assim o que havia dito Heródoto: "não constroem altares, acendem fogos, nem fazem libações." Esta frase vem sendo interpretada visando identificar uma adição crítica posterior relativa ao [[zoroastrianismo]]. O altar onde madeira é queimada e o serviço de [[Iasna]], no qual [[libação|libações]] são derramadas, são características marcantes do zoroastrianismo moderno, porém aparentemente estas práticas não haviam ainda sido desenvolvidas em meados do {{-séc|V}}

Heródoto também observou que "nenhuma oração ou oferenda pode ser feita sem a presença de um [[mago]]", ou seja, um sacerdote zoroastriano. Pertenciam a uma casta hereditária de sacerdotes encontrada por todo o Irã ocidental, e embora não fossem originalmente associados a qualquer religião específica, eram responsáveis, tradicionalmente, por todos os serviços religiosos e rituais. Embora a identificação inequívoca dos magos com o zoroastrianismo tenha se consolidado mais tarde (no período [[Império Sassânida|sassânida]], do {{séc|III}} ao {{DC|VII|x}}), foi a partir do ''magus'' de Heródoto, do {{-séc|V}}, que o zoroastrianismo passou a ser alvo de modificações doutrinais que são conhecidas nos dias de hoje como revogações dos ensinamentos originais do [[profeta]] [[Zoroastro]]. Muitas das práticas rituais descritas pela ''[[Vendidade]]'' do ''[[Avestá]]'', como a [[Exposição dos mortos (zoroastrianismo)|exposição dos mortos]]) também já eram praticadas pelos magos do período de Heródoto.

=== Arte e arquitetura ===
[[Imagem:Sphinx Darius Louvre.jpg|thumb|upright=0.8|[[Esfinge]] alada do palácio de [[Dario, o Grande]], em [[Susã]]. Atualmente no [[Museu do Louvre]]]]
[[Imagem:Lion Darius Palace Louvre Sb3298.jpg|thumb|upright=0.8|Leão em painel decorativo do palácio de Dario, o Grande. Louvre]]

Entre os feitos [[Arquitetura|arquitetônicos]] dos persas aquemênidas está a construção de cidades espetaculares, utilizadas para o governo e para habitação, templos para culto e reuniões sociais, e [[mausoléu]]s erguidos em homenagem aos reis mortos (como a [[Tumba de Ciro]]). A característica fundamental da arquitetura persa deste período era sua natureza eclética, que misturava elementos da arquitetura meda, assíria e greco-asiática, mas ainda assim mantinha uma identidade persa única.<ref>{{Citation|título=How to study architecture|autor=Caffin, Charles Henry|editora=Dodd, Mead and Company|ano=1917|página=80}}</ref>

Entre seus feitos artísticos estão intrincados [[Relevo (arte)|relevos]] em [[friso]]s, trabalhos sofisticados em [[Metal precioso|metais preciosos]] (como o [[Tesouro do Oxo]]), a decoração de seus palácios, [[alvenaria]] de [[tijolo]]s [[Esmalte|esmaltados]], delicadas obras de [[artesanato]], [[jardinagem]] e [[decoração]]. É crítico para se compreender a arte aquemênida, no entanto, que embora os persas tenham absorvido técnicas de todos os cantos de seu império, ela não era apenas uma combinação de estilos, mas uma síntese deles que formou um estilo persa novo.<ref>{{Citation|título=Immigration and emigration within the ancient Near East|autor=Lipiński, Edward; Lerberghe, Karel van; Schoors, Antoon|editora=Peeters Publishers|ano=1995|página=119|isbn=978-90-6831-727-5}}</ref> Ciro, o Grande tinha, na realidade, uma extensa e antiga herança iraniana atrás de si; as ricas obras em ouro aquemênidas, que as inscrições sugerem terem sido uma especialidade dos medos, seguem a tradição das delicadas obras de metal da [[Idade do Ferro]] encontradas em [[Hasanlu]], e as ainda mais antigas encontradas em [[Marlik]].

Um dos exemplos mais notáveis tanto da arquitetura quanto da arte aquemênida é o grande palácio de [[Persépolis]], a qualidade de seu detalhado acabamento aliada às suas grandes dimensões. Ao descrever a construção de seu palácio em [[Susã]], Dario registra que:
{{Citação2|cinzabq=s|''[…] madeira Yaka foi trazida de [[Gandara]] e da [[Carmânia (satrapia)|Carmânia]]. O [[ouro]] foi trazido de [[Sárdis]] e da [[Báctria]] […] pedras preciosas como o [[lápis-lazúli]] e a [[cornalina]] […] foram trazidas de [[Soguediana]]. A [[turquesa]] da [[Corásmia]], a [[prata]] e o [[ébano]] do [[Antigo Egito|Egito]], os ornamentos da [[Jônia]], o [[marfim]] da [[Etiópia (Antiguidade)|Etiópia]] e do [[Sinde]], e da [[Aracósia]]. Os [[canteiro]]s que trabalharam a pedra eram da Jônia e de Sárdis. Os [[ourives]] eram [[medos]] e [[egípcios]]. Os homens que trabalharam a madeira eram de Sárdis e do Egito. Os homens que trabalharam os tijolos eram babilônios. Os homens que decoraram as paredes eram medos e egípcios.''}}

Isto era arte imperial numa escala que o mundo não havia visto antes. Materiais e artistas eram trazidos de todo o império, e assim os gostos, estilos e [[Motivo (arte)|motivos]] acabaram por se misturar numa forma de arte e arquitetura eclética que por sua vez se difundiu para o resto do império.

[[Imagem:Naghshe Rostam ZPan.jpg|thumb|centro|upright=3.0|Visão panorâmica do [[Naqsh-e Rustam]]. Este [[sítio arqueológico]] contém as sepulturas de quatro reis aquemênidas, incluindo as de {{lknb|Dario|I}} e {{lknb|Xerxes|I}}]]

== Legado ==
O Império Aquemênida deixou uma impressão duradoura sobre a herança e a identidade cultural da Ásia e do Oriente Médio, e influenciou o desenvolvimento e a estrutura de vários impérios futuros. Os próprios [[Grécia Antiga|gregos]] e, mais tarde, os [[Roma Antiga|romanos]] copiaram o que viam como os melhores aspectos do método com que os persas governavam o império, e acabaram por adotá-los.<ref>Groisser, Philip L. ''Mastering World History'', Nova York, 1970, p.17</ref>

O filósofo [[Alemanha|alemão]] [[Georg Wilhelm Friedrich Hegel|Georg W.&nbsp;F. Hegel]], em sua obra ''{{ilc|nl=s||Lições sobre a Filosofia da História|Lições sobre a filosofia da história}}'', apresenta o Império Persa como "o primeiro império a morrer", e seu povo como o "primeiro povo histórico" na história.<ref>The Philosophy of History by George W. F. Hegel, http://books.google.com.au/books?id=GbxWvCCUdD8C</ref>

{{Citação2|cinzabq=s|''O Império Persa foi um império no sentido moderno — como o que existia na Alemanha, e aquele grande reino imperial sob o jugo de Napoleão; pois vemos que ele consistiu de diversos estados, que eram de fato dependentes, porém que mantiveram suas próprias individualidades, seus costumes, e suas leis. Os decretos gerais, que vigoravam da mesma maneira para todos, não violavam suas idiossincrasias políticas e sociais, mas até mesmo as protegiam e mantinham, de modo que cada uma das nações que constituía o todo tinha sua própria forma de constituição. Da mesma maneira que a luz ilumina tudo, dando a cada objeto uma vitalidade peculiar, o Império Persa se estendia sobre uma infinidade de nações, e dava a cada uma seu caráter específico. Algumas até mesmo tinham seus próprios reis; cada uma tinha seu próprio idioma, armas, modos de vida e costumes. Toda esta diversidade coexistia harmoniosamente sob o domínio imparcial da Luz […] uma combinação de povos no qual cada um era livre, pondo assim um fim à barbárie e à ferocidade com que as nações estavam habituadas a empreender suas contendas destrutivas.''{{nre|''The Persian Empire is an empire in the modern sense – like that which existed in Germany, and the great imperial realm under the sway of Napoleon; for we find it consisting of a number of states, which are indeed dependant, but which have retained their own individuality, their manners, and laws. The general enactments, binding upon all, did not infringe upon their political and social idiosyncrasies, but even protected and maintained them; so that each of the nations that constitute the whole, had its own form of constitution. As light illuminates everything – imparting to each object a peculiar vitality – so the Persian Empire extends over a multitude of nations, and leaves to each one its particular character. Some have even kings of their own; each one its distinct language, arms, way of life and customs. All this diversity coexists harmoniously under the impartial dominion of Light […] a combination of peoples – leaving each of them free. Thereby, a stop is put to that barbarism and ferocity with which the nations had been wont to carry on their destructive feuds.''}}}}

Segundo o célebre [[orientalista]] [[Estados Unidos|americano]] [[Arthur Upham Pope]] {{nwrap|1881|1969}}, ''"o mundo ocidental tem uma dívida enorme a ser paga à civilização persa"''.<ref name=pope/> Já o historiador e filósofo americano [[Will Durant]], em um de seus discursos sobre a Pérsia e a histórica da civilização, diante da {{ilc|nl=s|Sociedade Irã-América||Sociedade Irão-América}}, em [[Teerã]], 21 de abril de 1948, declarou:<ref>{{Citar web|autor=[[Will Durant|Durant, Will]]|título=Persia in the History of Civilization|url=http://www.mazdapublisher.com/Documents/Persian%20Civilization.pdf|obra=Addressing 'Iran-America Society|publicado=Mazda Publishers, Inc.|acessodata=6 de agosto de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110723072146/http://www.mazdapublisher.com/Documents/Persian%20Civilization.pdf#|arquivodata=23 de julho de 2011|urlmorta=yes}}</ref>

{{Citação2|cinzabq=s|''Por milhares de anos os persas vêm criando beleza. Dezesseis séculos antes de Cristo, nestas regiões ou em seus arredores […] vocês vêm sendo aqui uma espécie de divisor de águas da civilização, despejando seu sangue, seu pensamento, sua arte e sua religião para leste e oeste, sobre o mundo […] Não preciso relembrar a vocês os feitos de seu período aquemênida. Foi então que, pela primeira vez na história conhecida, um império quase tão extenso quanto os Estados Unidos recebeu um governo ordenado, uma administração competente, uma rede de comunicações velozes, a segurança nos movimentos de homens e mercadorias por estradas majésticas, igualado, antes de nossos tempos, apenas pela Roma imperial em seu auge."''{{nre|''"For thousands of years Persians have been creating beauty. Sixteen centuries before Christ there went from these regions or near it […] You have been here a kind of watershed of civilization, pouring your blood and thought and art and religion eastward and westward into the world […] I need not rehearse for you again the achievements of your Achaemenid period. Then for the first time in known history an empire almost as extensive as the United States received an orderly government, a competence of administration, a web of swift communications, a security of movement by men and goods on majestic roads, equaled before our time only by the zenith of Imperial Rome."''}}}}

== Governantes aquemênidas ==
=== Não atestados ===
:*[[Aquêmenes]]
:<small>''A evidência [[Epigrafia|epigráfica]] para estes governantes não pode ser confirmada, e alguns autores consideram-nos invenção de {{lknb|Dario|I}}''</small>
:*[[Ariarâmenes]], filho de Teispes e cogovernante juntamente com Ciro&nbsp;I
:*[[Arsames]], filho de Ariarâmenes e cogovernante com Cambises&nbsp;I

=== Atestados ===
{| class="wikitable" border="1" cellpadding="5"
|+'''Reis de Ansã'''
! Monarca !! style="text-align: center;"|Reinado (a.C.) !! Consorte(s) !!|Obs.
|-
| [[Teispes]]|| {{séc|VII}}|||| filho de [[Aquêmenes]], rei de Ansã
|-
| {{lknb|Ciro|I}}|| fim do {{séc|VII}} / início do VI|||| filho de [[Teispes]], rei de Ansã
|-
| {{lknb|Cambises|I}}|| início do {{séc|VI}}|| [[Mandane]]|| filho de Ciro I, rei de Ansã
|-
| {{lknb|Ciro|II}}|| c.550-530|| [[Cassandana]]|| filho de {{lknb|Cambises|I}} e Mandane – conquistou a Média em {{AC|550|x}} Rei da Média, Babilônia, Lídia, Pérsia, Ansã e Suméria. Criou o Império Persa aquemênida.
|}

{| class="wikitable" border="1" cellpadding="5"
|+'''Reis da Pérsia (529–{{AC|359|x}}); vigésima-sétima dinastia do Egito (525–{{AC|399|x}})'''
! Monarca !! style="text-align: center;"|Reinado (a.C.) !! Consorte(s) !!|Obs.
|-
| {{lknb|Cambises|II}}||529-522|||| filho de [[Ciro, o Grande]] e [[Cassandana]]. Conquistou o [[Antigo Egito|Egito]].
|-
| Bardia ([[Esmérdis]])||522|| [[Fedímia]]||  Filho de Ciro, o Grande (o impostor [[Gaumata]] passou-se por ele).
|-
| {{lknb|Dario|I}}|| 521-486|| [[Atossa]]<br /> [[Artístone]]<br /> [[Pármis]]<br /> [[Fratagune]]|| genro de Ciro, o Grande, filho de [[Histaspes (pai de Dario I)|Histaspes]], neto de [[Arsames]]<br /> Seus exércitos foram derrotados na [[Batalha de Maratona]], na [[Grécia Antiga|Grécia]].
|-
| {{lknb|Xerxes|I}}|| 485-465|| [[Améstris]]|| filho de Dario&nbsp;I e Atossa<br /> Sagrou-se vitorioso na [[Batalha das Termópilas]], porém foi derrotado na [[Batalha de Salamina]]
|-
| {{lknb|Artaxerxes|I}}|| 465-424|| [[Damáspia]]<br /> Cosmartidene<br /> [[Alogina]]<br /> Ândia|| filho de Xerxes&nbsp;I e Améstris
|-
| {{lknb|Xerxes|II}}|| 424|| || filho de Artaxerxes&nbsp;I e Damáspia
|-
| [[Soguediano (xá)|Soguediano]]|| 424-423|| || filho de Artaxerxes&nbsp;I e Alogina; meio-irmão e rival de Xerxes&nbsp;II
|-
| {{lknb|Dario|II}}||423-405|| [[Parisátide]]|| filho de Artaxerxes&nbsp;I e Cosmartidene; meio-irmão e rival de Xerxes&nbsp;II
|-
| {{lknb|Artaxerxes|II}}|| 404-359|| [[Estatira (esposa de Artaxerxes II)|Estatira]]|| filho de Dario&nbsp;II (ver também [[Xenofonte]])
|}

No início do reinado de Artaxerxes&nbsp;II, em {{AC|399|x}}, os persas perderam o controle do Egito. Reconquistaram-no 57 anos mais tarde – em {{AC|342|x}} – quando {{lknb|Artaxerxes|III}} conquistou novamente aquele território.

{| class="wikitable" border="1" cellpadding="5"
|+'''Reis da Pérsia (358–{{AC|330|x}}); trigésima-primeira dinastia do Egito (342–{{AC|332|x}})'''
! Monarca !! style="text-align: center;"|Reinado (a.C.) !! Consorte(s) !!|Obs.
|-
| {{lknb|Artaxerxes|III}}||358-338|| [[Atossa (filha de Artaxerxes II)|Atossa]] || filho de Artaxerxes&nbsp;II e Estatira
|-
| {{lknb|Artaxerxes|IV}}|| 338-336 || || filho de Artaxerxes&nbsp;III e Atossa
|-
| {{lknb|Dario|III}}|| 336-330|| {{lknb|Estatira|I}}|| bisneto de Dario&nbsp;II<br /> derrotado por [[Alexandre, o Grande]]
|}

== Notas ==
{{InícioRef}}
{{Tradução/ref|en|Achaemenid Empire|oldid=505074445}}
{{-fim}}
{{Reflist|group=lower-alpha|colwidth=40em}}

{{Referências|refs=

<ref name=wie>Wiesehöfer, Josef. ''Ancient Persia'', (I.B. Tauris Ltd, 2007), 119.</ref>

{{harvy|name=agr|agr|Sacks et al.|2005}}

{{sfn|name=br261|Briant|2006|p=261}}

<ref name=cens>{{Citar web|título=Historical Estimates of World Population|língua=en|url=https://www.census.gov/data/tables/time-series/demo/international-programs/historical-est-worldpop.html|acessodata=20-9-2022|publicado=United States Census Bureau|wayb=20220325150827}}</ref>

<ref name=pope>“The History of the Persian Civilization” by Arthur Pope, p.&nbsp;11</ref>

}}<!--fim refs-->

=== Bibliografia ===
{{InícioRef|colwidth=30em}}
*{{Citar Iranica|ano=2003|título=Historiography|artigo=historiography|acessodata=2022-9-20|volume=XII|fasc=3|páginas=323-411|nlk=s }}
*{{Citar Iranica|ano=1999|título=Fārs|artigo=fars-index|acessodata=2022-9-20|volume=IX, Fasc.&nbsp;3; IX, Fasc.&nbsp;4|nlk=s }}
*{{Citar Iranica|último=Briant|ano=1982|primeiro=Pierre|título=Alexander the Great|artigo=alexander-the-great-356-23-bc|acessodata=2022-9-20|volume=I|fasc=8|páginas=827-830|nlk=s }}
*{{Citation|último=Briant|ano=2006|primeiro=Pierre|título=From Cyrus to Alexander: A History of the Persian Empire|língua=en|editora=Eisenbrauns||isbn=978-1-57506-120-7}}
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*{{Citation|último=Curtis|ano=2005|primeiro=Vesta Sarkhosh|último2=Stewart|primeiro2=Sarah|título=Birth of the Persian Empire|língua=en|editora=I.B.Tauris|isbn=978-1-84511-062-8}}</ref>
*{{Citation|último=Daniel|ano=2001|primeiro=Elton L.|capítulo=Ancient Iran|capítulo-url={{Googlebooks url|AzqbYf9Q_2UC|41}}|título=The History of Iran|língua=en|publicado=Greenwood Publishing Group|isbn=9780313307317|acessodata=20-9-2022}}
*{{Citation|último=Forbes|ano=2011|primeiro=Steve|último2=Prevas|primeiro2=John|título=Power Ambition Glory: The Stunning Parallels between Great Leaders of the Ancient World and Today . . . and the Lessons You Can Learn|língua=en|publicado=Crown|isbn=9780307452290|url={{Googlebooks url|1S-Q-6jDZ7AC|14}}}}
*{{Citation|último=Kittel|ano=2007|primeiro=Harald|coautores=House, Juliane; Schultze, Brigitte|título=Traduction: encyclopédie internationale de la recherche sur la traduction|editora=Walter de Gruyter|páginas=1194–5|isbn=978-3-11-017145-7|ref=kit}}
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*{{Citation|último=Mays|ano=2010|primeiro=L.|editora=Springer|isbn=978-90-481-8631-0|título=Ancient Water Technologies|língua=en}}
*{{Citation|editor-last=Morris|ano=2009|editor-first=Ian|editor2-last=Scheidel|editor2-first=Walter|título=The Dynamics of Ancient Empires: State Power from Assyria to Byzantium|língua=en|publicado=Oxford University Press|isbn=9780199707614|url={{Googlebooks url|6vnkts2rOJUC|99}}|acessodata=20-9-2022}}
*{{Citation|último=Sacks|ano=2005|primeiro=David|último2=Murray|primeiro2=Oswyn|último3=Brody|primeiro3=Lisa R.|título=Encyclopedia of the ancient Greek world|língua=en|editora=Infobase Publishing|páginas=256|isbn=978-0-8160-5722-1|ref=agr}}
*{{Citar Iranica|último=Shahbazi|ano=1986|primeiro=A. Sh.|título=Ariaramneia|artigo=ariaramneia-a-city-in-cappadocia-mentioned-in-an-inscription|acessodata=2022-9-20|volume=II|fasc=4|páginas=406|nlk=s }}
*{{Citation|último=Schlerath|ano=1973|primeiro=Bernfried|título=Die Indogermanen|editora=Inst. f. Vergl. Sprachwiss.|isbn=3-85124-516-4}}
*{{Citar Iranica|último=Schmitt|ano=1983|primeiro=Rüdiger|título=Achaemenid dynasty|artigo=achaemenid-dynasty|acessodata=2022-9-20|volume=I|fasc=4|páginas=414-426|nlk=s }}
*{{Citation|último=Strauss|ano=2005|primeiro=Barry|título=The Battle of Salamis: The Naval Encounter That Saved Greece — and Western Civilization|língua=en|publicado=Simon and Schuster|isbn=9780743274531|url={{Googlebooks url|nQFtMcD5dOsC|37}}|acessodata=20-9-2022}}
*Stronach, David "Darius at Pasargadae: A Neglected Source for the History of Early Persia," ''Topoi''
*Stronach, David "Anshan and Parsa: Early Achaemenid History, Art and Architecture on the Iranian Plateau". In: John Curtis, ed., ''Mesopotamia and Iran in the Persian Period: Conquest and Imperialism 539–331'', 35–53. Londres: British Museum Press 1997.
*{{Citation|último=Tavernier|ano=2007|primeiro=Jan|título=Iranica in the Achaemenid Period (ca. 550-330 B.C.): Linguistic Study of Old Iranian Proper Names and Loanwords, Attested in Non-Iranian Texts|língua=en|editora=Peeters Publishers|isbn=90-429-1833-0}}
*{{Citation|último=Ward|ano=2009|primeiro=Steven R.|capítulo=Heritage of Greatness, Legacy of Loss|capítulo-url={{Googlebooks url|8eUTLaaVOOQC|16}}|título=Immortal: A Military History of Iran and Its Armed Forces|língua=en|publicado=Georgetown University Press|isbn=9781589015876|acessodata=20-9-2022}}
*{{Citation|último=Wilcken|ano=1967|primeiro=Ulrich|título=Alexander the Great|língua=en|editora=W. W. Norton & Company|isbn=978-0-393-00381-9}}
*{{Citation|último=Wiesehöfer|primeiro=Josef|título=History in pre-Islamic period|língua=en|datali=2022|url=http://www.iranica.com/newsite/index.isc?Article=http://www.iranica.com/newsite/articles/v9f3/v9f393a.html|enciclopédia=Encyclopædia Iranica}}
*{{Citation|sobrenome=Yarshater|ano=1996|nome=Ehsan|título=Encyclopaedia Iranica|língua=en|editora=Routledge & Kegan Paul|páginas=992|isbn=1568590288}}
{{-fim}}

== Ligações externas ==
{{Commonscat|getwikidata||o}}
{{InícioRef}}
* [http://www.persiansarenotarabs.com/persian-history Persian History]
* [http://www.iranicaonline.org/articles/cispis-opers ČIŠPIŠ]
* [http://www.livius.org/aa-ac/achaemenians/inscriptions.html Inscrições Reais Aquemênidas]- Livius.org
* [http://www.iranchamber.com/art/articles/art_of_achaemenids.php Arte aquemênida] — Iran Chamber Society (www.iranchamber.com)
* [http://www.persianempire.info/AchaemenidArchitecture.htm#tribute Fotos dos tributários das 23 satrapias do Império Aquemênida], de Persépolis
* [http://www.achemenet.com/ Achemenet]
* [https://web.archive.org/web/20061126081333/http://www.museum-achemenet.college-de-france.fr/ Musée achéménide virtuel et interactif (Mavi)]- [[Collège de France]], Prof. Pierre Briant.
{{-fim}}

{{Impérios}}
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[[Categoria:Império Aquemênida| ]]