Batalha do Olival de Cúnduros
Batalha do Olival de Cúnduros | |||
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Guerras bizantino-latinas | |||
Data | 1205 | ||
Local | Messênia, Peloponeso | ||
Desfecho | Vitória decisiva dos latinos | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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A Batalha do Olival de Cúnduros ou de Cúnduras (em grego: Κούνδουρος/Κούνδουρας; romaniz.: Koúndouros/Koúndouras) foi travada na primavera de 1205 em Messênia, no Peloponeso, entre as forças francesas Guilherme de Champlite e Godofredo I de Vilearduin e os bizantinos do Epiro liderados por Miguel I Comneno Ducas (r. 1204–1215), resultando numa vitória dos cavaleiros franceses. Com o colapso da resistência grega na região,[1] os latinos fundaram o Principado de Acaia.
Contexto
[editar | editar código-fonte]Em 1204, Constantinopla, a capital do Império Bizantino, foi conquistada pela Quarta Cruzada e pela República de Veneza, o que levou à desintegração Estado bizantino e a formação de uma série de estados sucessores, incluindo o Império Latino.[2] Um dos principais líderes da cruzada, Bonifácio I de Monferrato, depois de perder a oportunidade de tornar-se imperador, fundou o Reino de Tessalônica. Na ocasião, Guilherme de Champlite o seguiu até ali, mas no começo de 1205, quando Godofredo I de Vilearduin chega ao acampamento cruzado em Náuplia, ambos partes em direção ao Peloponeso sob consentimento do rei.[3] No acordo selado, Godofredo ofereceu compartilhar o território com Guilherme.[4]
À frente de cerca de 100 cavaleiros e 400 soldados, Guilherme e Godofredo iniciaram a conquista da região. Inicialmente, os dois capturaram Modon com ajuda de João Cantacuzeno e seguiram ocupando as principais cidades do Peloponeso ocidental sem muita resistência. Os bizantinos da Lacônia, Arcádia e Argólida, liderados por Miguel I Comneno Ducas, que, na época, era o governador bizantino do Tema do Peloponeso,[5] e Miguel Cantacuzeno, filho do já falecido João Cantacuzeno, tentaram detê-los num local conhecido como "Olival de Cúnduros", perto de Coroni (Koroni).[6]
Descrição da batalha
[editar | editar código-fonte]A batalha foi descrita em dois textos da época, A Crônica da Conquista de Constantinopla, de Godofredo de Vilearduin, escrita entre 1207 e 1212, e a Crônica da Moreia, escrita por volta de 1300. Os dois textos foram escritos do ponto de vista dos conquistadores, o primeiro pelo tio de Godofredo I e o segundo, por uma pessoa de origem mestiça franco-grega, pois sua atitude em todo o relato é de admiração pelos francos e desprezo pelos locais.
De acordo com a "Crônica da Moreia", os francos tinham 700 homens para enfrentar 4 000 gregos, montados e a pé. Godofredo de Vilearduin, tio de Godofredo I, em sua própria crônica afirma que o exército de Miguel tinha 5 000 e enfrentava 500 francos. Seja como for, apesar de estarem em grande desvantagem numérica, os francos venceram a batalha. A derrota acabou com a resistência grega na região e todos os castelos e cidades no Peloponeso caíram em sequência. Miguel I fugiu ao Epiro e fundou ali o Despotado do Epiro.[6]
A localização exata do "Olival de Cúnduros" é desconhecida. Godofredo menciona que estaria a um dia de distância do castelo de Modon (moderna Metoni), em algum lugar na planície messênia, um lugar ainda hoje repleto de olivais. Na "Crônica da Moreia", além do nome do proprietário (Contúras; Kontouras), um topônimo também foi referido: Cepesciános (Κηπησκιάνους), para o qual não existe informação alguma.
Segundo o relato do próprio Godofredo:[7]
“ | Assim, Guilherme de Champlite e Godofredo de Vilearduin [o sobrinho] deixaram o grupo principal e levaram consigo por volta de cem cavaleiros e um grande número de sargentos montados e invadiram a Moreia, seguindo até chegaram à cidade de Modon. Miguel soube que eles estavam ali com tão poucos soldados e juntou um grande número de pessoas, um número que era maravilhoso, e partiu atrás deles pensando que eles não eram nada mais que prisioneiros já em suas mãos. E quando eles souberam que ele estava vindo, fortificaram Modon, onde as defesas já havia muito haviam sido destruídas e deixaram ali suas provisões e povo. Então seguiram por um dia de marcha e ordenaram suas formações com tantas pessoas quanto tinham. Mas as chances pareciam poucas, pois eles tinham não mais do que quinhentos homens montados, enquanto o outro grupo tinham mais de cinco mil. Mas os eventos ocorreram de acordo com a vontade de Deus; pois os nossos lutaram contra os gregos e os desconcertaram e os conquistaram. E os gregos perderam muito, enquanto os nossos ganharam cavalos e armas suficientes e outros bens em grande quantidade e por isso retornaram felizes e contentes para a cidade de Modon. | ” |
— "A Crônica da Conquista de Constantinopla", Godofredo de Vilearduin.
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Na "Crônica da Moreia", a batalha está descrita entre os versos 1720 e 1738:[nt 1]
“ | ἀκούσασιν κ’ ἐμάθασιν τὸ πῶς ἦλθαν οἱ Φράγκοι / eles ouviram e souberam que os francos haviam chegado, |
” |
Resultado
[editar | editar código-fonte]A Batalha do Olival de Cúnduros foi decisiva para a conquista do Peloponeso pelos francos. Depois da vitória, quase não houve mais nenhuma resistência à conquista da Moreia. Em Andravida, eles foram recebidos pelo povo e pela Igreja.[6] A única resistência, bem depois, foi defensiva, liderada por Leão Esguro, que guardava os castelos de Náuplia e Acrocorinto. Guilherme de Champlite conseguiu tirar vantagem de suas vitórias e fundou o Principado da Acaia, um estado franco que abrangia todo o Peloponeso, com exceção das cidades venezianas na costa.[8][9][10]
Notas
Referências
- ↑ Curta 2006, p. xxv.
- ↑ Runciman 1951, p. 125.
- ↑ Fine 1994, p. 69.
- ↑ Longnon 1969, p. 237.
- ↑ Fine 1994, p. 66.
- ↑ a b c Setton 1976, p. 25.
- ↑ «Memoirs or Chronicle of The Fourth Crusade and The Conquest» (PDF) (em inglês). Consultado em 14 de agosto de 2014
- ↑ Fine 1994, p. 70-71.
- ↑ Runciman 1951, p. 124.
- ↑ Setton 1976, p. 26; 34.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Curta, Florin (2006). Southeastern Europe in the Middle Ages, 500–1250. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0-521-81539-8
- Fine, John V. (1994). The Late Medieval Balkans: A Critical Survey from the Late Twelfth Century to the Ottoman Conquest. [S.l.: s.n.] ISBN 0-472-08260-4
- Longnon, Jean (1969). «The Frankish States in Greece, 1204-1311». In: Setton, Kenneth M.; Wolff, Robert Lee; Hazard, Harry W. A History of the Crusades, Volume II: The Later Crusades, 1189-1311. [S.l.]: The University of Wisconsin Press. ISBN 0-299-04844-6
- Runciman, Steven (1951). A History of the Crusades, Volume III: The Kingdom of Acre and the Later Crusades. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0-521-06163-6
- Setton, Kenneth Meyer; The American Philosophical Society (1976). The Papacy and the Levant, 1204–1571. [S.l.]: Diane Publishing Co. ISBN 0-87169-114-0