Monarco
Monarco | |
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Monarco em 2015, no 26º Prêmio da Música Brasileira | |
Informação geral | |
Nome completo | Hildmar Diniz |
Nascimento | 17 de agosto de 1933 |
Local de nascimento | Rio de Janeiro, RJ Brasil |
Morte | 11 de dezembro de 2021 (88 anos) |
Local de morte | Rio de Janeiro, RJ Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Gênero(s) | |
Ocupação(ões) | |
Instrumento(s) | Vocal |
Período em atividade | 1950 – 2021 |
Hildmar Diniz, o Monarco (Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1933 — Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2021), foi um cantor e compositor brasileiro.[1] Baluarte e presidente de honra da Portela. Foi discípulo de Paulo da Portela.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nasceu no bairro de Cavalcante, mas ainda criança foi morar em Nova Iguaçu, filho de um marceneiro chamado José Filipe Diniz. Aos dez anos de idade, mudou-se para Oswaldo Cruz, subúrbio do Rio e bairro de origem da Portela. Àquela época teve de perto contato com os sambistas da escola, integrando blocos e compondo sambas ainda pequeno. Também foi nessa época que surgiu o apelido, Monarco.
Em 1950, foi convidado a integrar a ala de compositores da Portela, onde mais tarde viria a se tornar líder da velha guarda. Também foi diretor de harmonia da escola. Nunca chegou a ganhar uma disputa de samba-enredo (o samba cantado durante o desfile da escola), mas conseguiu consagrar sambas "de terreiro" ou "sambas de quadra", como são conhecidos aqueles executados nos ensaios e logo tornados emblemas do patrimônio cultural coletivo dessas associações. Um deles é "Passado de Glória", que já foi "esquenta" (samba executado na área de concentração, pouco antes do desfile) da agremiação em diversos anos.[2] Sua última disputa de samba-enredo foi em 2007, com seu filho Mauro Diniz e o presidente da Ala de Compositores da Portela, Júnior Scafura.
Seu primeiro disco solo foi lançado em 1976, com temas como "O Quitandeiro" (com Paulo da Portela) e "Lenço" (com Francisco Santana). Em 1995, Monarco tem o CD A Voz do Samba lançado no Japão. No Brasil, foi editado pelo selo Kuarup.
Em 1999 a cantora Marisa Monte convidou Monarco e a Velha Guarda da Portela para o CD Tudo Azul, de sua produção, que contou com participação de Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho.
De outra parte, entre os momentos de desalento vividos pelo grupo, conta-se aquele do desfile da escola de samba Portela em 2005, quando, após um atraso da seção de abertura do desfile, ou seja, a do carro-alegórico chamado Abre-Alas (onde funcionários da agremiação não conseguiram encaixar as asas da águia símbolo da escola a tempo do desfile), o último setor e o chamado "carro da agremiação" foram impedidos de desfilar, pelo receio de se ultrapassar o tempo regulamentar de desfile, com as consequentes penalizações que isso implicaria. Naquele setor era onde estavam exatamente os integrantes da Velha Guarda da Portela, entre eles Monarco, Tia Surica, Casquinha e outros nobres do samba.
Em 2008 foi lançado o documentário Mistério do Samba, dirigido pelos cineastas Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor, e também produzido por Marisa Monte, que levara dez anos para ser concluído, e no qual Monarco participa oferecendo relatos de sua história de vida e seus testemunhos pessoais sobre a história do samba no Rio de Janeiro. Essa produção foi incluída na seleção oficial do Festival de Cannes.[3]
Em 2010, Monarco gravou seu primeiro DVD - Monarco: A Memória do Samba - no dia 28 de setembro, no Teatro Oi Casa Grande, Rio de Janeiro. Assim como o documentário Mistério do Samba, esse projeto se pretende como um registro para a história da tradição do samba. Desse DVD, participam Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Velha Guarda da Portela e Família Diniz. A direção artística ficou a cargo de seu filho, Mauro Diniz.[4] Beth Carvalho também participa do DVD. Apesar de não poder comparecer ao show por conta da recuperação de um cirurgia na coluna, Monarco e sua banda foram à sua casa para gravar, com a chamada "madrinha do samba", a canção "Lenço". A gravação foi exibida durante o show e está presente no DVD.[5] Esse produto faz parte de um projeto da ONG Oficina do Parque, voltado para a preservação da obra do bamba portelense, e traz consigo um CD ao vivo do mesmo show e um encarte impresso intitulado “Memórias de um Bamba”, com partituras, notas musicais e biográficas, curiosidades e anedotas vividas por Monarco.
Em maio de 2011, o DVD foi lançado em um show para convidados no Teatro Rival Petrobrás, no centro do Rio de Janeiro. Lá, a ONG realizadora do projeto informou que, a princípio, o material (almanaque, CD e DVD) não estaria à venda, mas seria distribuído às bibliotecas públicas.
Em 2013, Monarco foi articulador da vitória da chapa Portela Verdade, encabeçada por Serginho Procópio como presidente e Marcos Falcon, o vice, atuando politicamente contra o então ex-presidente da Portela (Nilo Figueiredo),[6] e tornando-se então o presidente de honra da escola.[7]
Em 2015, seu álbum Passado de Glória - Monarco 80 anos foi premiado no 26.º Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Álbum de Samba.[8]
Em 2019, seu álbum De Todos os Tempos foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode.[9]
Morreu em 11 de dezembro de 2021, aos 88 anos de idade, no Rio de Janeiro.[10] O sambista estava internado no Hospital Federal Cardoso Fontes, onde passou por uma cirurgia no intestino e não resistiu às complicações.[11] Monarco foi velado na quadra da Portela, em Oswaldo Cruz.[12] Foi sepultado no Cemitério de Inhaúma.[13]
Em sua homenagem, a prefeitura do Rio rebatizou o Parque Madureira como Parque Madureira Mestre Monarco.[14]
Composições
[editar | editar código-fonte]Monarco é conhecido por ter feito vários êxitos no gênero do samba. Seu primeiro grande sucesso veio em 1973[15], quando Martinho da Vila gravou Tudo menos amor, canção de Monarco em parceria com Walter Rosa.[16] Outro êxito foi Lenço, interpretado por Paulinho da Viola.[16]
Beth Carvalho gravou Obrigado pelas Flores, em 1979, música que Monarco compôs ao lado de Manaceia.[15] Na voz de Zeca Pagodinho, vieram sucessos como Coração em Desalinho (1986) e Vai Vadiar (1998).[15] Estas duas últimas músicas foram feitas em parceria com Alcino Correia Ferreira.
Sambas-enredo
[editar | editar código-fonte]Apesar de ser ligado à Portela, Monarco jamais venceu uma disputa de samba-enredo pela azul e branco de Oswaldo Cruz, mas conseguiu êxitos por outras agremiações.[2] Para a Unidos de Padre Miguel, foi o autor de A Conquista de Aracy, em 1966, baseado na obra de José de Alencar.[17] Compôs quatro sambas para a Unidos do Jacarezinho: Exaltação a Frei Caneca (1967), Exaltação à cultura nacional (1968), A história de Vila Rica do Pilar (1969) e Geraldo Pereira, eterna glória do samba (1982).[2] Por também fazer parte da história da agremiação rosa e branco (morou na localidade na década de 1960 e foi presidente da escola entre 1993 e 1994), virou enredo em 2005 quando a escola desfilava pelo grupo B.[2]
Pela Portela, chegou a concorrer em 1984, na disputa pelo enredo Contos de Areia, junto com Noca da Portela.[2] Também disputou em 1987, junto com Mauro Diniz e Noca, para ser o samba de Adelaide, a pomba da paz.[2]
Discografia[18]
[editar | editar código-fonte]Álbuns de estúdio
[editar | editar código-fonte]- 1970 - Portela Passado de Glória (RGE)
- 1974 - Monarco (Continental)
- 1976 - Monarco (Eldorado)
- 1980 - Terreiro (Eldorado)
- 1986 - Doce Recordação (Selo Office Sambinha)
- 1989 - Inéditas: Projeto Preservação da Música Popular (CCSP)
- 1994 - A Voz do Samba (Kuarup)
- 2000 - Velhas Companheiras: Mangueira & Portela (Nikita)
- 2000 - Todo Azul (Phonomotor)
- 2000 - Doce Recordação (Nikita)
- 2000 - Monarco (Warner)
- 2001 - Uma História do Samba (Japão)
- 2001 - Meninos do Rio (Carioca Discos)
- 2003 - Uma História do Samba (Rob Digital)
- 2014 - Passado de Glória - Monarco 80 Anos (Independente)
- 2018 - Monarco de Todos os Tempos (Biscoito Fino)
Participações especiais
[editar | editar código-fonte]- 1984 - Histórias do Céu e da Terra
- 2000 - Ala de Compositores da Portela
- 2001 - Homenagem a Paulo da Portela (Nikita)
- 2005 - Zeca Pagodinho: À Vera (Universal)
- 2012 - Baú da Dona Ivone (Independente)
- 2012 - Samba Book - João Nogueira (Musikeria)
Premiações
[editar | editar código-fonte]- 2016 - Personalidade do Carnaval [19]
- Plumas & Paetês Cultural
- 2016 - Personalidade do Carnaval [20]
Referências
- ↑ Monarco no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira Acessado em 27 de julho de 2008.
- ↑ a b c d e f «Monarco». www.sambariocarnaval.com. Consultado em 26 de abril de 2023
- ↑ http://guia.folha.uol.com.br/cinema/ult10044u435799.shtml
- ↑ Cantor e compositor Monarco grava DVD no Rio de Janeiro[ligação inativa]
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 26 de fevereiro de 2011. Arquivado do original em 2 de outubro de 2010
- ↑ Jornal do Brasil (15 de fevereiro de 2013). «Após resultado no carnaval, Monarco dispara contra presidente da Portela». Consultado em 20 de maio de 2013
- ↑ Carnavalesco (19 de maio de 2013). «SERGINHO PROCÓPIO É ELEITO O NOVO PRESIDENTE DA PORTELA!». 21:44. Consultado em 20 de maio de 2013
- ↑ «Veja os vencedores do 26º Prêmio da Música Brasileira». G1. Grupo Globo. 11 de Junho de 2015. Consultado em 16 de Junho de 2015
- ↑ «Veja a lista completa com os vencedores do Grammy Latino 2019». Vagalume. Novembro de 2019. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ «Morre no Rio, aos 88 anos, Monarco, presidente de honra da Portela e símbolo do samba». G1. 11 de dezembro de 2021. Consultado em 11 de dezembro de 2021
- ↑ «Morre, aos 88, Monarco, símbolo da Portela e do samba». O Globo. 11 de dezembro de 2021. Consultado em 11 de dezembro de 2021
- ↑ «Corpo de Monarco é velado na quadra da Portela». O Dia. 12 de dezembro de 2021. Consultado em 12 de dezembro de 2021
- ↑ «Corpo de Monarco é enterrado neste domingo ao som de hino da agremiação». Extra. 12 de dezembro de 2021. Consultado em 12 de dezembro de 2021
- ↑ «Parque Madureira ganha nome de Mestre Monarco». O Dia. 16 de dezembro de 2021. Consultado em 16 de dezembro de 2021
- ↑ a b c «Monarco, guardião do passado glorioso da Portela, deixa obra pautada pela nobreza do samba». G1. Consultado em 28 de abril de 2023
- ↑ a b «Monarco: sambista desfila na Portela, mas vibra com o pôr-do-sol no morro da Mangueira». Jornal do Brasil. 10 de fevereiro de 1990. Consultado em 28 de abril de 2023
- ↑ CAZES, Henrique (2003). Monarco: voz e memória do samba. Brasil: Relume Dumará. pp. 50–51. ISBN 9788573163490
- ↑ Discografia de Monarco no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira Acessado em 16 de Novembro de 2012.
- ↑ «Estandarte de Ouro 2016». Site do Jornal O Globo. Consultado em 26 de março de 2017. Cópia arquivada em 13 de março de 2017
- ↑ «Prêmio Plumas e Paetês 2016». Site Manchete na Folia. Consultado em 21 de setembro de 2017. Cópia arquivada em 1 de março de 2016
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Media relacionados com Monarco no Wikimedia Commons