Retrato de Maria Quitéria de Jesus Medeiros
Retrato de Maria Quitéria de Jesus Medeiros | |
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Autor | Domenico Failutti |
Data | 1920 |
Gênero | pintura histórica |
Técnica | tinta a óleo |
Dimensões | 233 centímetro x 133 centímetro |
Encomendador | Afonso d'Escragnolle Taunay |
Localização | Museu do Ipiranga |
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Retrato de Maria Quitéria de Jesus Medeiros é uma pintura de Domenico Failutti, pintada em 1920, por ocasião das comemorações do Centenário da Independência do Brasil. A obra é do gênero pintura histórica e foi encomendada para compor o Salão de Honra do Museu do Ipiranga em São Paulo. Retrata a combatente baiana Maria Quitéria, que pegou em armas na campanha independentista da Bahia, durante a Guerra da Independência do Brasil.[1]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Na pintura, Maria Quitéria é representada em trajes militares e segurando com um mosquete com as mãos. O fardamento é típico do Batalhão dos Periquitos, que ganhou essa alcunha devido à cor amarela nos punhos e na gola do uniforme azulado. A paisagem que circunda a figura tem características idealizadas, mas que remetem ao Recôncavo baiano, palco dos combates em Quitéria participou. O rio que corre em direção ao horizonte faz referência ao Rio Paraguaçu, que margeia a cidade de Cachoeira e desemboca na Baía de Todos-os-Santos.[1]
Maria Quitéria ostenta em seu peito esquerdo a a insígnia de Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro, distinção oferecida por Dom Pedro I àqueles que se notabilizaram no processo de Independência do Brasil. É de se notar, no entanto, que a insígnia original é formada por uma estrela branca de cinco pontas bifurcadas e maçanetadas, diferente, portanto, da estrela de quatro pontas presente no retrato.
A obra foi produzida com tinta a óleo. Suas medidas são: 233 centímetros de altura e 133 centímetros de largura. Faz parte de Museu do Ipiranga, localizada no Salão de Honra do Eixo Monumental.[2]
Domenico Failutti
[editar | editar código-fonte]Domenico Failutti foi um pintor italiano, de formação acadêmica clássica, que se destacou por seus retratos. Realizou trabalhos em diversos países da Europa e da América, dentre eles Itália, Hungria, Brasil, Uruguai e Estados Unidos.[3] Suas obras de maior destaque foram produzidas em território brasileiro. Grande parte de seu trabalho faz parte do acervo do Museu Paulista (conhecido como Museu do Ipiranga).
Análise
[editar | editar código-fonte]A obra foi encomendada pelo diretor do Museu Paulista, Afonso d'Escragnolle Taunay, no centenário da Independência do Brasil.[4] Na encomenda, o diretor do museu pediu que Domenico Failutti se baseasse na gravura publicada em Diário de uma viagem ao Brasil da inglesa Maria Graham.[2] A gravura é baseada no desenho de Augustus Earle, também inglês, que viveu no Rio de Janeiro nos anos 1820. Taunay atribuía à produção dos viajantes europeus um estatuto de verdade documental. Na sua concepção de teoria histórica, também as obras produzidas a partir dessas fontes consideradas fidedignas seriam, elas próprias, documentos históricos.[5]
Domenico Failutti foi responsável ainda pelo retrato de Sóror Joana Angélica, que figura na Galeria de Próceres da Independência, alocada no alto da escadaria.[2] A escolha do artista para as encomendas, de acordo com o relatório escrito por Afonso Taunay, veio diretamente do presidente do estado de São Paulo à época, Washington Luís.[1]
O retrato foi concebido para dar um sentido ao papel das mulheres na formação nacional brasileira.[6] O quadro de Quitéria criaria um paralelismo com o Retrato de Dona Leopoldina de Habsburgo e seus filhos, também localizado no Salão de Honra.[6] Ambos os quadros representariam distintos lugares a serem ocupados pelas mulheres no imaginário nacional. Por um lado, a guerreira e, de outro, a figura materna.[1][2] O retrato de Joana Angélica, por sua vez, evoca o lugar da mártir.
Para alguns autores, a condecoração em Quitéria, a insígnia de Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro, é uma forma de reconhecer também Dom Pedro I, que reconheceu a militar.[4]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de pinturas de Domenico Failutti
- Guerra da Independência do Brasil
- Independência da Bahia
- Afonso d'Escragnolle Taunay
Referências
- ↑ a b c d GOMES, Nathan (2019). «A la guerra Americanas: questões de gênero e etnicidade nos retratos de Maria Quitéria de Jesus». Revue Interdisciplinaire de Travaux sur les Amériques. Consultado em 29 de maio de 2020
- ↑ a b c d Simioni, Ana Paula Cavalcanti; Lima Junior, Carlos (28 de maio de 2018). «Heroínas em batalha». Museologia & Interdisciplinaridade. 7 (13): 31–54. ISSN 2238-5436. doi:10.26512/museologia.v7i13.17754
- ↑ «FAILUTTI Domenico». Friuli-net. Consultado em 3 de março de 2019
- ↑ a b Makino, Miyoko (2003). «Ornamentação do Museu Paulista para o Primeiro Centenário: construção de identidade nacional na década de 1920». Anais do Museu Paulista. 10-11 (1). ISSN 0101-4714
- ↑ Brefe, Ana Cláudia Fonseca (2003). «História nacional em São Paulo: o Museu Paulista em 1922». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. 10-11 (1): 79–103. ISSN 0101-4714. doi:10.1590/S0101-47142003000100006
- ↑ a b Cavalcanti Simioni, Ana Paula (4 de fevereiro de 2014). «Les portraits de l'Impératrice. Genre et politique dans la peinture d'histoire du Brésil». Nuevo mundo mundos nuevos. doi:10.4000/nuevomundo.66390